EUA: Biden tenta salvar imagem, mas Michelle Obama seria única democrata capaz de bater Trump

Se ele tiver sucesso, não estará completamente a salvo, mas, se falhar, sua candidatura a um segundo mandato na Casa Branca estará por um fio: Joe Biden concede uma entrevista de altíssimo risco à televisão nos Estados Unidos nesta sexta-feira (5). De acordo com uma pesquisada Ipsos para a Reuters, Michelle Obama seria a única democrata capaz de derrotar Donald Trump nas eleições de novembro, num placar respectivo de 50% a 39%, se a votação fosse realizada hoje.

No espaço de uma semana, o democrata de 81 anos não fez absolutamente nada para apagar a impressão desastrosa causada por seu debate fracassado com Donald Trump, em 27 de junho. Desde o duelo na TV, os norte-americanos não viram Joe Biden se expressar livremente sem a ajuda de um teleprompter, nem por um longo período de tempo.

Ele terá a oportunidade de fazer isso nesta sexta-feira, em uma entrevista com o jornalista e apresentador  George Stephanopoulos, estrela do canal ABC, que será gravada durante uma viagem de campanha a Wisconsin. Por enquanto, o presidente dos EUA se mantém firme na disputa, apesar da intensa pressão.

"Não tenho intenção de sair", disse ele na quinta-feira (4), no Dia da Independência dos Estados Unidos. Sua equipe de campanha está redobrando os esforços para elegê-lo. Nesta sexta-feira, os aliados publicaram um intenso plano de batalha para o mês de julho, que inclui anúncios na televisão, visitas a todos os principais estados, especialmente no sudoeste do país, durante a convenção republicana (15 a 18 de julho), e campanhas de conscientização dos eleitores.

Em outras palavras, nada que sugira que Biden esteja pensando em jogar a toalha. O presidente  também deve ser o anfitrião de uma cúpula de líderes da Otan na próxima semana.

O 'efeito Michelle'

Toda vez que o Partido Democrata está em apuros, o nome de Michelle Obama convenientemente volta aos holofotes. Após o desastroso debate de Biden com Donald Trump, o presidente está mais do que nunca na berlinda antes das eleições de novembro.

Embora seus partidários ainda estejam unidos em seu apoio, jornalistas e editorialistas pedem que ele renuncie para não entregar a eleição ao republicano. Michelle Obama ressurge como a candidata mais forte para substituí-lo.

De acordo com uma pesquisa da Ipsos para a Reuters, realizada após o debate de quinta-feira, a esposa do ex-presidente Barack Obama é a única candidata democrata capaz de derrotar Donald Trump. Se a eleição presidencial fosse realizada hoje, ela receberia 50% dos votos, em comparação com 39% para o ex-presidente republicano.

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Em julho passado, antes das primárias democratas, Michelle Obama tinha previsão de ganhar com 48%, contra 36% para Joe Biden, de acordo com outra pesquisa de um instituto privado.

Há três coisas inevitáveis na vida. A morte, os impostos e o fato de que Michelle não será candidata à presidência. (Barack Obama)

Recusa de entrar na política

Michelle Obama nunca quis entrar para a política. Diante dos últimos rumores, que a viam como substituta do presidente - visivelmente enfraquecido pela idade - seu escritório deixou bem claro à NBC News, em março passado: "Como a ex-primeira-dama Michelle Obama disse em várias ocasiões ao longo dos anos, ela não concorrerá à presidência". A mesma fonte confirmou essa posição à Newsweek após o debate entre Biden e Trump.

Em abril de 2023, em um programa transmitido pela Netflix e apresentado por Oprah Winfrey, ela já havia dito: "A política é difícil. Você tem que querer isso. Tem que estar em sua alma, porque é muito importante. Esse não é o meu caso".

Em 2016, o próprio Barack Obama resumiu perfeitamente: "Há três coisas inevitáveis na vida: a morte, os impostos e o fato de que Michelle não será candidata à presidência". No entanto, como em 2016 e 2020, espera-se que ela se comprometa mais com Joe Biden nas próximas semanas.

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Uma "fantasia" em um contexto de pânico?

Do lado democrata, não há qualquer vestígio de declaração pública de um representante, governante ou parlamentar pedindo que Michelle Obama seja favorecida nesta disputa presidencial.

A esposa de Barack Obama é impulsionada principalmente por pesquisas de opinião, que parecem inflar artificialmente a possibilidade de sua candidatura. Seu índice de popularidade ainda é muito alto, ao contrário dos concorrentes presidenciais de fato.

De acordo com a pesquisa da Ipsos para a Reuters, Michelle Obama pode se gabar de ter conquistado 55% dos eleitores, incluindo 94% dos democratas. Kamala Harris (37% e 81%, respectivamente) e Joe Biden (36% e 78%) ficam bem atrás neste levantamento.

Programa especial

Como prova de que a entrevista com Joe Biden nesta sexta-feira é muito aguardada, o canal de televisão mudou sua programação de transmissão. A ABC havia planejado originalmente mostrar trechos da conversa nesta sexta-feira, depois no sábado, para uma transmissão completa no domingo.

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Mas, no final, os telespectadores poderão ver a entrevista na íntegra hoje às 20h, horário local, como parte de um programa especial. Joe Biden enfrentará um jornalista que conhece os meandros da comunicação política como nenhum outro.

George Stephanopoulos trabalhou para o ex-presidente democrata Bill Clinton, tanto durante sua primeira campanha quanto na Casa Branca, onde foi um de seus assessores mais próximos durante seu primeiro mandato.

Faltando quatro meses para a eleição presidencial contra o bilionário republicano, os democratas estão céticos quanto à sua capacidade de vencer, e uma maioria esmagadora de americanos não o considera capaz de governar por mais quatro anos se ele vencer.

No início desta semana, uma das vozes democratas mais influentes, a ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi, considerou "essencial" que Joe Biden desse uma ou até duas entrevistas de alto nível. Outros alidos pediram uma longa coletiva de imprensa para avaliar sua capacidade de responder com vivacidade.

(Com agências)

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