Hamas anuncia mais de 70 de mortos em ataque israelense a campo de deslocados na Faixa de Gaza

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou no sábado (13) que um ataque israelense havia matado pelo menos 71 pessoas no sul da Faixa de Gaza, perto de Khan Yunis, uma área onde Israel disse ter atingido dois líderes do Hamas. No décimo mês de sua guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, o exército israelense confirma que tentou eliminar Mohamed Deif, o chefe de gabinete do Hamas em Gaza, e também o comandante da brigada Khan Yunis da organização islâmica, Rafa Salameh, que teria sido morto, segundo informações confirmadas pelo correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul.

Os militares israelenses afirmam que os dois homens estavam em um prédio entre a zona humanitária de Al-Mawasi e Khan Yunis, em um ambiente civil, mas o porta-voz enfatiza que não se tratava de um acampamento para palestinos deslocados. Mohamed Deif, que escapou de vários ataques direcionados no passado, teria ficado gravemente ferido.

Entretanto, os palestinos negam a informação. "As alegações israelenses são absurdas e têm a intenção de justificar o horrível massacre", disse Sami Abu Zuhri, um alto funcionário do Hamas, à agência de notíciais Reuters.

A área de Al-Mawasi, na costa entre Rafah e Khan Yunis, foi declarada uma "zona humanitária" por Israel, teoricamente segura para os habitantes de Gaza deslocados. A UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, estima que haja cerca de 1,5 milhão de pessoas em toda a Al-Mawasi. O ataque na manhã deste sábado atingiu a parte de Al-Mawasi no setor de Khan Yunis. o exército israelense alegou ter alvejado Mohammed Deif, chefe do braço armado do movimento islâmico palestino e um dos líderes mais procurados por Israel, e Rafa Salama, comandante da brigada do Hamas em Khan Younès.

Ataque deixa dezenas de mortos e feridos

O Ministério da Saúde do governo do Hamas havia anunciado anteriormente que pelo menos 71 palestinos haviam sido mortos e 289 feridos no ataque.

"Ainda há muitos corpos espalhados pelas ruas, sob os escombros e ao redor das tendas dos deslocados, que não podem ser alcançados por causa do intenso fogo israelense", relatou Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil.

"O ataque foi realizado em uma área cercada administrada pelo Hamas, onde, de acordo com nossas informações, apenas terroristas do Hamas estavam presentes, e nenhum civil", disse o exército em um comunicado. Sem especificar se Mohammed Deif e Rafa Salama haviam sido mortos, o exército estimou que "a maioria das vítimas também seria de 'terroristas' que estavam com eles".

"Alegações falsas criadas para ocultar a escala do terrível massacre", respondeu o Hamas.

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Por sua vez, o gabinete do primeiro-ministro israelense destacou que Benjamin Netanyahu havia "dado uma instrução permanente no início da guerra para eliminar os líderes seniores do Hamas".

"O que fizemos?", população palestina sofre

As vítimas do ataque a al-Mawasi foram transferidas para vários hospitais. O diretor do hospital kuwaitiano em Rafah (sul) denunciou um "verdadeiro desastre" e disse que a maioria dos feridos era grave.

"O que nós fizemos? Estávamos apenas sentados na praia", gritou uma mulher palestina perto de um corpo caído em uma rua do campo.

Após meses de apelos internacionais por um cessar-fogo, o tom em Israel contra o governo subiu um pouco mais. Três manifestações estão planejadas para o sábado, duas em Tel Aviv e uma em Jerusalém, contra o governo e para exigir um acordo para a libertação dos reféns.

A guerra estourou em 7 de outubro, após um ataque sem precedentes do Hamas, que se infiltrou no sul de Israel a partir de Gaza, resultando na morte de 1.195 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

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Das 251 pessoas sequestradas na época, 116 ainda estão presas em Gaza, 42 delas mortas, de acordo com o exército.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas, que estava no poder na Faixa de Gaza desde 2007, e lançou uma ofensiva que, até o momento, causou 38.443 mortes, a maioria delas de civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza liderado pelo Hamas.

Tendência "positiva"

Na frente diplomática, os esforços para chegar a uma trégua sob a égide do Catar, do Egito e dos Estados Unidos continuam.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na sexta-feira que a "estrutura" do plano de cessar-fogo que ele revelou em 31 de maio foi "aceita por Israel e pelo Hamas". "Ainda há lacunas a serem preenchidas", mas "a tendência é positiva", disse ele.

"Estou comprometido com o plano de libertação de nossos reféns, mas o Hamas continua a aderir a exigências que contradizem o plano e colocam em risco a segurança de Israel", disse Netanyahu na sexta-feira, no entanto, que sempre manteve que deseja continuar a guerra até que o Hamas - classificado como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia - seja destruído e todos os reféns sejam libertados.

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No Líbano, um ataque aéreo israelense matou dois civis no sul do país no sábado, informou uma fonte de segurança à AFP. O exército israelense disse que havia matado dois membros do Hezbollah, aliado do Hamas, com quem tem trocado tiros diariamente na fronteira desde o início do conflito.

(RFI com agências)

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