Nomeação de novo premiê francês é "quebra-cabeça" ainda sem solução para Macron

A imprensa francesa analisa, nesta sexta-feira (23), a dificuldade que o presidente francês, Emmanuel Macron, terá para escolher o novo primeiro-ministro do país, que ainda não foi nomeado desde o segundo turno das eleições legislativas antecipadas, em 7 de julho. Para o jornal Le Parisien, trata-se de um "quebra-cabeça" ainda "sem solução".

O Le Monde destaca o início das reuniões do presidente francês com os partidos "em busca do primeiro-ministro", algumas semanas após a dissolução da Assembleia Nacional, anunciada por Macron, em 9 de junho. O primeiro-ministro Gabriel Attal renunciou em 16 de julho.

Macron recebe nesta sexta-feira (23) Lucie Castets, a candidata a premiê designada pela NFP (Nova Frente Popular), a coligação formada pelos principais partidos políticos franceses de esquerda. 

A NFP é considerada a principal força política na Assembleia Nacional após vencer as eleições legislativas e é formada pelos partidos de esquerda A França Insubmissa, o Partido Socialista, Os Ecologistas e o Partido Comunista.

Porém, há um mês, durante uma entrevista, Macron descartou a hipótese de nomear Castets para ocupar o cargo de premiê, o que levou os  líderes do partido França Insubmissa (LFI), da esquerda radical, a ameaçarem dar início a um processo de impeachment contra o presidente francês.

Para o Le Parisien, Lucie Castets não atende ao "critério" de "estabilidade" estabelecido pelo chefe de Estado, já que a direita, como o partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), mas também membros da base macronista, estão ameaçando censurar qualquer governo que inclua ministros da LFI. "O próprio Macron exclui o LFI", diz o jornal. 

O jornal de esquerda Libération destaca o "Fim das férias" para Macron, já que as discussões coincidem com a volta às aulas e o retorno das férias de verão europeu. A "trégua olímpica" chegou ao fim, diz o jornal, que denuncia a necessidade de o presidente da República resolver com urgência a situação que "ele próprio criou" ao dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições legislativas no país. 

Para o Le Monde, as reuniões do chefe de Estado devem culminar em uma nomeação "rápida", já na segunda-feira (26). "Sete semanas após as eleições parlamentares antecipadas que supostamente 'esclareceriam' a situação política, será que Emmanuel Macron está finalmente em condições de nomear um primeiro-ministro, como é exigido pela Constituição?", diz o texto. 

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"Névoa" na política francesa

Le Figaro é menos otimista e afirma que cinco semanas após aceitar a renúncia de Gabriel Attal do cargo de primeiro-ministro, Macron e sua comitiva não definiram um cronograma preciso para a formação do próximo governo.

"A "névoa" que envolve a vida política francesa desde o primeiro turno das eleições legislativas não se dissipou durante o verão [inverno no Brasil]", diz o texto. "Embora o outono [do hemisfério norte, a partir do fim de setembro] esteja chegando e, com ele, a complexa elaboração e votação do orçamento de 2025, é improvável que as reuniões convocadas pelo Eliseu dissipem a névoa tão facilmente", aposta. 

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