Netanyahu antecipa retorno a Israel e planeja 'resposta' a suposto ataque do Hezbollah

Milhares de homens e mulheres vestidos de preto participaram neste domingo (28) do enterro dos 12 jovens mortos na véspera em um ataque com foguetes à cidade de Majdal Shams, nas Colinas de Golã, anexadas em grande parte por Israel. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, antecipou o retorno de viagem aos Estados Unidos e participará de uma reunião de emergência para tratar da resposta de seu país ao ataque, atribuído ao grupo libanês Hezbollah.

Os jovens jogavam num campo de futebol no momento da tragédia, em uma pequena cidade de cerca de 11 mil habitantes. A tragédia forçou o primeiro-ministro Netanyahu a voltar mais cedo do que o esperado dos Estados Unidos para presidir uma reunião do gabinete de segurança em Tel Aviv, relata o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. O primeiro-ministro prometeu que "Israel não deixará este ataque mortal ficar sem resposta".

Durante a noite de sábado para domingo, o Exército israelense afirma ter disparado contra alvos do Hezbollah no território libanês e ao longo da fronteira com Israel, especificamente visando depósitos de armas e outras infraestruturas da organização islâmica libanesa. Áreas até então intocadas ao norte da cidade costeira de Tiro e a oeste de Baalbek, a 100 quilômetros da fronteira, foram bombardeadas. Drones também atacaram Kfar Kila, na zona de fronteira.

Líderes israelenses falam em 'guerra total'

A escalada do conflito iniciado em Gaza é sentida nas declarações dos líderes israelenses. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que seu país está confrontado a uma "guerra total". Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou ainda que "o massacre de sábado constitui a passagem de todas as linhas vermelhas pelo Hezbollah".

"Este não é um exército lutando contra outro exército, mas uma organização terrorista que atira deliberadamente em civis", completou. "O foguete que matou nossos meninos e meninas era um foguete iraniano, e o Hezbollah é a única organização terrorista que tem isso em seu arsenal", acrescentou o ministério. "Israel exercerá o seu direito e dever de autodefesa e responderá a este massacre", sublinha ainda o ministério. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas e a maioria continua hospitalizada em Israel neste domingo.

Outras autoridades israelenses também exigem uma resposta forte ao ataque, o mais mortal contra Israel desde 7 de outubro. Sob condição de anonimato, um oficial militar tentou acalmar os ânimos afirmando que a resposta será contundente, mas comedida, para não levar a região para um conflito generalizado.

Hezbollah nega responsabilidade por disparos

O movimento xiita libanês Hezbollah nega ser o autor deste ataque. Segundo o grupo, a explosão seria sido resultado de um míssil interceptador israelense. Israel, porém, afirma que o ataque foi perpetrado por um foguete iraniano Falaq-1 carregado com uma ogiva de 50 quilos, reiterando que o grupo xiita libanês é o único que possui foguetes desse tipo na região.

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O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também indicou no domingo que "todas as indicações" mostrariam que o foguete que caiu sobre as Colinas de Golã "veio do Hezbollah", durante uma coletiva de imprensa em Tóquio.

O grupo libanês leva a sério as ameaças de represálias israelenses, especifica o correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh. Fontes indicam que, pela primeira vez desde 8 de outubro, o movimento de Hassan Nasrallah ordenou a evacuação urgente dos edifícios ocupados pelas suas instituições sociais, administrativas e financeiras nos seus redutos na planície oriental de Bekaa e nos subúrbios do sul de Beirute.

A imprensa libanesa informou que o Hezbollah alertou a força da ONU no sul do Líbano de que qualquer ataque israelense resultaria em uma "resposta explosiva", mesmo com o risco de provocar uma guerra. O grupo xiita não reivindicou qualquer ataque contra posições israelenses.

Já o Irã alertou Israel no domingo contra as "consequências imprevisíveis" de novas "aventuras" militares no Líbano. "Qualquer ação (...) do regime sionista pode levar ao agravamento da instabilidade, da insegurança e da guerra na região", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanani, acrescentando que Israel seria responsável por "consequências e reações imprevisíveis a tais ações estúpidas".

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