Artista plástica Isabelle Mesquita expõe no Rio obras inspiradas na ancestralidade negra feminina

A artista plástica Isabelle Mesquita expõe no Rio de Janeiro uma série de obras inspirada na ancestralidade feminina e nas mulheres negras da sociedade contemporânea. Depois da capital carioca, a exposição "Impressões" deve percorrer o mundo e encerrar a turnê em Paris.

"Estou sempre me inspirando e pensando em novas alternativas artísticas e esse projeto surgiu através de uma reflexão sobre as impressões que a gente tem na sociedade", diz Isabelle, que mora em Paris, onde realizou a pesquisa para o projeto.  

"Eu fui me aprofundando mais nesse assunto e fui pensando no corpo negro, nessa mulher negra, como a gente é vista na sociedade, quais são as impressões que são passadas", explica. 

Isabelle conta que trabalhou com cartões de visita, "que são as primeiras impressões que a gente dá ao outro quando encontra". 

"Nesse meio tempo eu pensei, eu tenho que falar do Rio de Janeiro, da nossa afrodescendência, onde tudo começa para mim, como mulher negra e, enfim, eu tinha que voltar ao Rio para poder começar de lá esse projeto", diz.  

A exposição foi inaugurada no Rio de Janeiro, no bairro da Gamboa, em 25 de julho, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher negra latino-americana. Um local e uma data que para Isabelle representam "resistência".  

A inspiração para o projeto veio após uma visita sobre a história do bairro oferecida pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), que hoje acolhe a exposição. O circuito termina dentro do museu do instituto, que ocupa a área de um antigo cemitério clandestino, para onde os negros escravizados que não sobreviviam à dura viagem nos navios eram levados.  

"Nesse lugar, eu pude revisitar esse momento da ancestralidade, de todos os que vieram antes de nós", diz. "E o Instituto Pretos Novos me abraçou e recebeu esse projeto comigo", relata.

Sustentabilidade 

Isabelle, que é conhecida por seu engajamento com a moda sustentável e ética, diz que seu trabalho com moda está conectado com a arte. 

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"A gente vê nas silhuetas das mulheres negras que eu represento. Elas estão sempre com aqueles vestidos fluidos. E eu sempre utilizo a natureza como ferramenta e a cosmovisão africana da relação do ser humano com a natureza", explica. 

"Essa arte é voltada para a sustentabilidade. Eu sempre falo de artivismo também, então está tudo conectado com o meu trabalho desde sempre. Eu nunca largo mão disso", insiste.  

Entre as obras expostas no IPN no Rio estão um baobá de quase dois metros que, segundo a artista, representa a opressão sofrida pelo povo africano e a resistência simbolizada por mulheres referências como Teresa de Benguela ou Elza Soares.

Depois do Rio, a exposição deve viajar por outros países até chegar a Paris. Para isso, a artista espera vencer questões logísticas como o transporte das obras para realizar a turnê.

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