Convenção Democrata que começa em Chicago é oportunidade para Kamala Harris consolidar candidatura

Com a desistência inesperada de Joe Biden da corrida presidencial no final de julho, o Partido Democrata americano se organiza para sua Convenção Nacional, que começa nesta segunda-feira (19), em Chicago. Agora sob a liderança da vice-presidente Kamala Harris e do governador de Minnesota, Tim Walz, a chapa busca manter o ímpeto e renovar as energias na disputa.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Chicago

A convenção, que vai até o dia 22 de agosto, será uma oportunidade para que Kamala Harris apresente seu plano de governo e receba o apoio de grandes figuras do partido, como o ex-presidente Barack Obama.

Esta será a 12ª vez que Chicago sedia o evento, consolidando-se como a cidade que mais recebeu convenções democratas. Devido ao clima de tensão entre o governo e organizações que pedem o fim da guerra em Gaza, espera-se que uma onda de protestos tome conta da cidade.

Chicago receberá quase 50 mil visitantes para participar da convenção, incluindo cerca de 4 mil delegados do partido democrata. Alguns eventos serão transmitidos por Instagram, YouTube e TikTok como parte de um esforço para expandir seu alcance junto aos eleitores mais jovens e influenciadores online.

Barack e Michelle Obama entre os oradores

O encontro começa com um momento emblemático para a campanha democrata pela Casa Branca. O principal orador desta noite é o presidente Joe Biden, que, há cerca de um mês, estava programado para discursar como candidato na quinta-feira (22), quando aceitaria formalmente a nomeação do partido. No entanto, com a desistência, sua aparição na convenção nesta segunda-feira será a oportunidade para passar oficialmente a faixa para a atual vice-presidente Kamala Harris.

Biden comentou recentemente em uma entrevista que, mesmo com a desistência, ainda se sentia capaz de ganhar. Às vésperas da vinda a Chicago, porém, ele afirmou estar "muito feliz" por dar seu discurso endossando a vice.

Além de Joe Biden, a ex-candidata Hillary Clinton, primeira mulher a concorrer à Casa Branca pelo partido democrata, também deve subir ao palco nesta noite. Na terça-feira (20), o ex-presidente Barack Obama, que foi eleito Senador por Illinois, deve confirmar seu apoio a Kamala Harris. Michelle Obama também é esperada para discursar na segunda noite do evento.

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Na quarta-feira (21), entre os oradores estão o companheiro de chapa de Harris, Tim Walz, o ex-presidente Bill Clinton, a ex-presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o secretário de Transportes, Pete Buttigieg.

O encerramento da convenção acontece na quinta-feira, com o discurso de Kamala Harris, oficialmente nomeada a candidata do partido.

Mesmo com vantagem, Kamala segue em campanha

Kamala está no topo de sua popularidade. Antes da chegada a Chicago, ela fez campanha percorrendo algumas localidades da Pensilvânia de ônibus ao lado do marido e de Tim Walz.

A candidata chega a Chicago com vantagem sobre seu oponente, Donald Trump, confirmada por duas pesquisas recentes feitas pelo New York Times em parceria com o Siena College, que mostram Harris com 49% de intenção de voto, enquanto Trump aparece com 47% da preferência.

Outra pesquisa focada no cinturão do Sol, nos estados chamados campos de batalha do sul e sudoeste do país (Arizona, Califórnia, Flórida, Nevada, Novo México, Texas, Geórgia e Carolina do Sul), Kamala aparece com 5 pontos de vantagem no Arizona, e 2 pontos na Carolina do Norte. No entanto, Trump permanece com 4 pontos à frente na Geórgia. Em Nevada a diferença é de apenas um ponto para o republicano.

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Além disso, desde que Kamala foi indicada como candidata, os cofres da campanha democrata não param de engordar. Somente no mês de julho estima-se que o partido tenha recebido U$310 milhões de dólares.

Ainda que o clima seja de otimismo, Kamala deve seguir em campanha mesmo durante a convenção. Ela tem um comício agendado para a próxima terça-feira em Milwaukee, a mesma cidade onde Trump aceitou a indicação presidencial republicana no mês passado.

Republicanos organizam terceira coletiva em um mês

Um dos reflexos do destaque que Kamala ganhou neste último mês, é a reação de Donald Trump, que vem organizando uma entrevista coletiva por semana e chegou até a fazer uma live com Elon Musk, transmitida através do X (ex-Twitter), para tentar recuperar a atenção para sua campanha.

Nesta semana não deve ser diferente, já que no último sábado a campanha de Trump anunciou que seu companheiro de chapa, J.D. Vance, dará uma entrevista coletiva na terça-feira (20) falando sobre criminalidade e segurança em Wisconsin.

Convenção deve ser acompanhada de protestos

O primeiro protesto aconteceu já na tarde deste domingo, com vários grupos articulados em uma frente unida, exigindo ação em matéria de direitos reprodutivos, direitos LGBTQ e o fim da guerra em Gaza.

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Para que se tenha uma ideia do que se espera em termos de manifestações, os congressistas democratas que participarão da convenção foram aconselhados a não reservar quartos de hotel em seus próprios nomes e evitar se hospedar em determinadas zonas da cidade.

Há uma estimativa das forças de segurança locais de que cerca de 100 mil manifestantes venham a Chicago para participar de atos durante a convenção.

Até o comércio local entrou em alerta, com alguns estabelecimentos no centro de Chicago instalando tapumes em portas e janelas antes do início do evento.

Cerca de 270 diferentes grupos de ativistas se organizaram ao redor de um coletivo para marchar em Chicago durante esta semana.

Uma das maiores manifestações deve acontecer ainda nesta segunda. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tomem as ruas em protesto contra a presença de Joe Biden, que consideram um aliado de Israel.

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