Em Israel, Blinken diz que negociações para cessar-fogo em Gaza estão em "momento decisivo"

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, faz reuniões nesta segunda-feira (19) com os principais líderes israelenses para tentar desbloquear o processo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Ele defendeu que este é um "momento decisivo" para uma trégua na região. Israel e o Hamas se acusam mutuamente de responsabilidade no fracasso das negociações.

Antony Blinken, pediu nesta segunda-feira a Israel e ao movimento islâmico palestino Hamas que "não atrapalhem" as negociações para um cessar-fogo depois de mais de dez meses de guerra na Faixa de Gaza.

"Este é um momento decisivo. Esta é provavelmente a melhor, talvez a última oportunidade para trazer os reféns para casa, para conseguir um cessar-fogo", disse Blinken durante um encontro em Tel Aviv com o presidente israelense, Isaac Herzog.

"Este também é o momento de garantir que ninguém faça nada que possa atrapalhar o processo", acrescentou. Israel e o Hamas se acusam mutuamente pelo fracasso nas negociações lideradas pelos Estados Unidos, o Egito e o Catar.

Blinken, que chegou domingo (18) a Israel, também deve se reunir durante o dia com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Esta é a nova viagem do chefe da diplomacia americana à região desde o início da guerra na Faixa de Gaza, iniciada por Israel em resposta ao ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense, no dia 7 de outubro.

Negociações no Cairo

Depois de Israel, o chefe da diplomacia americana viajará para o Cairo na terça-feira (20), onde os mediadores deverão retomar as discussões esta semana.

"Estamos trabalhando para garantir que não haja escalada ou provocações ou outras ações que possam de alguma forma nos afastar deste acordo, expandir o conflito para outros lugares ou aumentar a sua intensidade", continuou.

O presidente Isaac Herzog, cujo papel é principalmente cerimonial, afirmou por sua vez que os israelenses queriam o retorno "o mais rápido possível" dos reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro e mantidos desde então na Faixa de Gaza.

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O líder da oposição israelense Yair Lapid disse que as declarações de Blinken são um apelo a Netanyahu. "Não perca esta oportunidade, você os abandonou (os reféns). É seu dever trazê-los de volta", observou Lapid.

Washington espera pôr fim a mais de dez meses de um conflito devastador que pode se espalhar por toda a região.

Acusações mútuas

No domingo, Netanyahu fez um apelo para que a pressão fosse direcionada sobre o Hamas e "não contra o governo israelense". O primeiro-ministro denunciou uma "recusa obstinada" do movimento palestino em concluir um acordo, após dois dias de negociações em Doha entre o lado israelense e os mediadores americanos, catarianos e egípcios.

"Consideramos Benjamin Netanyahu totalmente responsável por frustrar os esforços dos mediadores e obstruir um acordo", em desrespeito pelas "vidas dos reféns" detidos desde 7 de outubro, retrucou o Hamas num comunicado.

Joe Biden, no entanto, considerou no domingo à noite que uma trégua em Gaza "ainda era possível" e garantiu que os Estados Unidos "não abandonavam" seus esforços.

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Os Estados Unidos, que acabaram de aprovar uma venda de armas no valor de U$ 20 bilhões (R$ 109 bilhões) a Israel, apresentaram uma nova proposta de compromisso durante negociações em Doha, na sexta-feira (16).

O Hamas rejeitou esta proposta, julgando que preenchia apenas "as condições estabelecidas por Netanyahu, em particular a sua recusa de um cessar-fogo permanente e de uma retirada total da Faixa de Gaza".

O movimento palestino, que não participou nas negociações no Catar, denuncia em particular a "insistência" israelense em manter tropas na fronteira de Gaza com o Egito e "novas condições da lista" de prisioneiros palestinos suscetíveis de serem trocados por reféns detidos em Gaza.

O Hamas exige a implementação do plano anunciado no final de maio por Biden e pede aos mediadores para "forçarem Israel a implementar o que foi acordado".

Este plano prevê, numa primeira fase, uma trégua de seis semanas acompanhada por uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e a libertação dos reféns raptados em 7 de outubro. Na segunda fase, haveria uma retirada total das tropas de Israel de Gaza.

Netanyahu disse repetidamente que quer continuar a guerra até a destruição do Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

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Para Washington, um cessar-fogo ajudaria a evitar um possível ataque do Irã e de seus aliados contra Israel, após as ameaças de retaliação pelo assassinato, atribuído a Israel , do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, em 31 de julho, e do líder militar do Hezbollah libanês, Fouad Chokr, morto no dia anterior em um ataque israelense perto de Beirute. 

(Com informações da AFP)

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