Pequim investiga laticínios europeus em retaliação a aumento de impostos sobre produtos chineses

Pequim começou uma investigação antidumping sobre produtos lácteos que importa da Europa na quarta-feira (21). O Ministério do Comércio chinês quer garantir que os subsídios concedidos a estes produtos não constituem uma concorrência desleal para os produtores locais. Esta medida, que surge um dia depois de a Comissão Europeia ter anunciado um aumento dos impostos sobre os veículos elétricos fabricados na China, reflete uma escalada das tensões entre as duas potências.

Cléa Broadhurst, correspondente da RFI em Pequim

A investigação, lançada pela China sobre os subsídios atribuídos aos produtos lácteos europeus vendidos no seu território, soa um pouco como um aviso. Os produtos visados são principalmente o leite coalhado, o queijo fresco e o queijo azul. No ano passado, a União Europeia exportou € 1,68 bilhão de euros em produtos lácteos para a China, segundo dados do Eurostat citados pela Comissão Europeia.

Ao longo de um ano, a China examinará 20 regimes de subsídios em toda a União Europeia, particularmente na Áustria, Bélgica, Croácia, República Tcheca, Finlândia, Itália, Irlanda e Romênia. O país quer garantir que esta ajuda não prejudique os seus produtores locais. O país pode então decidir impor sobretaxas a estes produtos para proteger seu mercado, se demonstrar que as práticas da UE são desleais e prejudicam a concorrência.

Tensões comerciais crescentes

Esta investigação surge no momento em que a União Europeia declarou, na véspera, que pretendia aumentar os impostos sobre os veículos elétricos fabricados na China, uma medida fortemente reprovada por Pequim. O ministério do Comércio chinês também pediu à União Europeia para abandonar este projeto para "evitar uma escalada de fricções comerciais".

Uma guerra comercial entre estes dois gigantes econômicos poderá ter consequências mais amplas e perturbar as cadeias de abastecimento globais. Os setores fortemente dependentes do comércio internacional, como o automóvel e a agricultura, estariam particularmente em risco.

Isto poderia levar ao aumento dos custos para os fabricantes e consumidores, com potencial escassez de bens ou preços mais elevados. Se a situação piorar, a Organização Mundial do Comércio (OMC) poderá ser envolvida em procedimentos de resolução de litígios, cuja solução poderá levar anos.

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