Brasil é dobradinha de ouro e bronze nos 5000m masculino na estreia do atletismo paralímpico em Paris

A sexta-feira (30) marcou a estreia do atletismo nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. E o Brasil teve dobradinha no pódio dos 5000 m masculino na categoria T 11, para atletas com deficiência visual. Ao todo, 22 brasileiros competem hoje no Stade de France, em Saint-Denis, subúrbio norte de Paris, oito deles direto em finais.  

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris 

A primeira disputa por medalhas do Brasil foi nos 5.000m masculino categoria T11, para atletas com deficiência visual. Júlio Cesar Agripino, de Diadema, São Paulo, largou na frente e manteve a liderança durante todo o percurso, ao lado do guia. Ele quebrou o recorde mundial da prova, com tempo de 14min 48s 85 centésimos.  

"Foi sensacional, fico muito agradecido a toda a minha equipe porque foi um recorde que a gente precisava", disse o atleta à RFI.

Diagnosticado com uma doença degenerativa da córnea aos 7 anos, Agripino disse que se preparou muito para competir em Paris. "A gente chegou aqui para fazer história, fazer diferença e foi isso que fizemos. E essa medalha de ouro mostra o quanto a nossa modalidade chegou aqui forte", acrescenta.

"Eu queria fazer uma prova forte e deixar os meus adversários fora da zona de conforto", explicou o medalhista.

Medalha de bronze

A prata foi para o japonês Kenya Karasawa e o bronze para o mato-grossense Yeltsin Jacques, um dos favoritos na modalidade e detentor do recorde mundial anterior: 14min53s97, conquistado no Campeonato Mundial em Kobe, no Japão.  

Yeltsin nasceu com baixa visão e conheceu o atletismo paralímpico ao ajudar um amigo também deficiente visual. O atleta tinha sido ouro nos 1500m e bronze nos 5000m no Mundial em Paris, em 2023, e ouro nos 5000 e 1500 nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. 

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Ele conta que recentemente enfrentou uma micro ruptura na panturrilha e acabou perdendo dois meses de preparação. "Eu tinha batido o recorde mundial em Kobe, estava numa boa preparação, mas acabei tendo uma lesão e depois uma virose, perdendo parte do meu treinamento", lamentou em entrevista à RFI Brasil após a prova.

"Felizmente, consegui reorganizar a casa e sair daqui com uma medalha, um pedacinho da torre Eiffel para o Brasil", completou. "As condições da pista são fantásticas, eu fiz o meu melhor tempo e quero voltar aqui", concluiu.  

Yeltsin terminou a prova com tempo de 14min 52s 61, o melhor tempo da carreira.

O atletismo brasileiro nos Jogos Paralímpicos

O atletismo é a modalidade que mais conquistou medalhas para o Brasil em Jogos Paralímpicos. Agora são 172 ao todo: 49 ouros, 70 pratas e 53 bronzes. Os atletas competem divididos por categorias de acordo com o grau de deficiência constatado na classificação funcional. 

O Brasil também disputa medalha nesta sexta-feira no salto em distância feminino, na categoria T11, com duas competidoras. 

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Lorena Spoladore, de Maringá, no Paraná, de 28 anos, tem glaucoma congênito desde os primeiros dias de vida, foi perdendo a visão gradativamente, até ficar totalmente cega. Ela foi prata no salto em distância no mundial de Kobe 2024 e ouro nos Parapan-Americanos de Santiago, 2023, e prata no Mundial de Paris, no mesmo ano.  

A carioca Alice Correa Oliveira, de 28 anos, nasceu com glaucoma e catarata após a mãe contrair rubéola na gestação. Cega desde os 23 anos, ela já tinha uma prata no salto em distância Parapan-Americano de Santiago 2023 e ouro no Campeonato Brasileiro 2023.  

Outros brasileiros disputaram etapas classificatórias: nos 100m masculino T12, 400 m feminino T11, 500m feminino T54, 100m masculino T37 e T47 e arremesso de disco feminino categoria F57. As semifinais e finais acontecem esta noite no Stade de France.  

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