J.D. Vance exibe confiança em debate marcado pelo nervosismo do democrata Tim Walz
A CBS News organizou na noite de terça-feira (1), em Nova York, o debate entre o governador democrata de Minnesota, Tim Walz, e o senador republicano por Ohio, J.D. Vance, candidatos à vice-presidência dos Estados Unidos em novembro. A discussão de propostas esteve centrada em detalhes de políticas específicas, abordando temas como Oriente Médio, mudanças climáticas, imigração e política energética, em comparação com outros debates desta corrida eleitoral.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
Tim Walz, vice na chapa de Kamala Harris, demonstrou nervosismo desde o início do debate. Ele já havia dito publicamente que não era bom nesse tipo de exercício. O rival J.D. Vance exibiu, por outro lado, um grande poder de oratória e uma estratégia mais amável que a de seu companheiro de chapa, Donald Trump, na hora de confrontar ideias, adotando um tom moderado.
Nos primeiros minutos da emissão, Walz foi questionado pelas mediadoras sobre o conflito no Oriente Médio. Ao responder, ele falou de forma apressada, tentando encontrar o ritmo adequado. Vance parecia muito mais à vontade no palco, agradecendo Walz e aos debatedores antes de responder à primeira pergunta. Ele fez um pequeno resumo de sua biografia, destacando sua origem humilde.
Nenhum dos dois candidatos respondeu diretamente à questão espinhosa. Em vez disso, eles aproveitaram a oportunidade para criticar os candidatos presidenciais de seus partidos adversários. "Quando o Irã derrubou uma aeronave em espaço aéreo internacional, Donald Trump apenas tuitou", disse Walz, apontando para o que ele descreveu como os anos caóticos de Trump na presidência. Vance rebateu dizendo que o Irã está mais próximo de obter uma arma nuclear do que nunca. "Quem foi o vice-presidente nos últimos três anos e meio? A resposta é a sua companheira de chapa, não o meu", respondeu Vance.
Mudanças climáticas
Em relação às mudanças climáticas, Walz destacou os benefícios da Lei de Redução da Inflação que os democratas aprovaram há dois anos, mas a pausa para responder a essa pergunta parecia um branco provocado pelo nervosismo. Em contraponto, Vance afirmou que, se alguém acredita que o excesso de gás carbônico na atmosfera está causando o aquecimento global, este alguém deveria se comprometer com a reindustrialização e o investimento na manufatura americana.
Walz tentou uma estratégia parecida à utilizada por Kamala Harris no último debate, direcionando suas respostas para o mandato de Donald Trump. No entanto, ele pareceu menos à vontade nessa abordagem.
Imigração
Durante o extenso debate sobre imigração, Walz lembrou que democratas e republicanos estavam próximos de um acordo significativo sobre imigração no início deste ano, mas Trump levou os legisladores a abandoná-lo. Os moderadores perguntaram se uma segunda administração Trump separaria crianças de seus pais, uma política criticada e posteriormente abandonada pela administração anterior. Vance evitou a questão, o que é crítico para a equipe de Trump, já que pesquisas indicam que muitos americanos, incluindo democratas e eleitores latinos, apoiam políticas imigratórias mais restritivas, mas isso não significa que aceitem qualquer tipo de medida mais severa.
Walz mencionou James Lankford, um senador republicano de Oklahoma, descrevendo-o como "super conservador" e "um homem de princípios" por trabalhar com os democratas em um projeto de lei de fiscalização das fronteiras que os republicanos acabaram sabotando no Senado. Essa crítica não apenas ressaltou a dificuldade da oposição em encontrar um consenso, mas também enfatizou a disposição dos democratas em buscar soluções colaborativas, mesmo diante da resistência republicana.
Falsas afirmações sobre animais de estimação
Quando Walz foi questionado sobre o apoio nas pesquisas para deportações em massa, ele evitou a pergunta e, em vez de respondê-la, voltou o foco às afirmações infundadas de Vance sobre imigrantes haitianos que estariam se alimentando de animais de estimação em Springfield. O democrata usou o assunto para criticar Vance e dizer que o senador está mais interessado em autopromoção do que em resolver problemas.
"Ao se aliar a Donald Trump e não trabalhar em conjunto para encontrar uma solução, isso se torna um ponto de discussão. E quando isso se torna um ponto de discussão, desumanizamos e demonizamos outros seres humanos", disse Walz, chamando a atenção para a necessidade de um diálogo mais humano sobre a imigração.
Economia
Walz teve uma melhora significativa em sua performance e se mostrou muito mais à vontade ao falar sobre a economia. Ele adotou um tom descontraído ao criticar o desprezo de Trump pelos especialistas. "Meu conselho do dia é este: se você precisar de cirurgia cardíaca, ouça as pessoas da Mayo Clinic em Minnesota, não Donald Trump."
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Quero receberO intercâmbio sobre economia permitiu que Walz e Vance apresentassem os quatro anos da presidência de Trump de maneiras bastante diferentes.
Para Vance, Trump cortou impostos e "vimos um boom econômico americano como nunca antes neste país". Já para Walz, o legado de Trump foi um fracasso, resultando em déficits astronômicos e desemprego elevado durante a pandemia de Covid.
No entanto, Vance teve a última palavra ao desviar o foco para o histórico econômico de Harris, dizendo ter pena de Walz por ter que defender uma companheira de chapa que foi vice-presidente durante a pior inflação em décadas.
Contradições dos candidatos
Quando questionado sobre suas críticas anteriores a Trump, Vance disse: "Eu estava errado sobre Donald Trump".
Walz tem um histórico de falar de maneira imprecisa ou incorreta sobre questões variadas. Durante a violenta repressão na Praça da Paz Celestial em Pequim, Walz parece ter observado o que ocorreu à distância, nos Estados Unidos, apesar de ter afirmado o contrário, já que ele viajou à China alguns meses depois. "Eu falo muito, me deixo levar pela retórica", disse o democrata tentando justificar a contradição.
Direitos reprodutivos e o aborto
Vance é conhecido por suas posições conservadoras em relação ao aborto. Ele usou seu tempo no palco para defender políticas públicas que ofereçam mais "opções" às mulheres em relação à saúde, enfatizando que elas podem ter melhores condições para ter e criar filhos.
Embora o republicano afirme não apoiar uma proibição nacional do aborto, durante sua campanha de 2022 ele apoiou o projeto de lei da senadora Lindsey Graham, que buscava proibir o aborto em todo o país após 15 semanas de gestação.
Por outro lado, Walz aproveitou a discussão sobre o direito ao aborto para ressaltar as perigosas consequências das proibições extensivas e trouxe o Projeto 2025 em sua resposta, alertando contra algumas disposições do plano do movimento conservador.
"O Projeto 2025 deles inclui um registro de gestações. Vai ficar mais difícil, senão impossível, obter contraceptivos. E limitar o acesso, se não eliminar o acesso, a tratamentos de infertilidade. Para muitos de vocês aí ouvindo, inclusive eu, os tratamentos de infertilidade são o motivo pelo qual tenho um filho. Isso não é da conta de mais ninguém", disse o democrata.
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