Exposição em Paris destaca os primeiros anos de Jackson Pollock, um dos mestres da pintura dos EUA

A partir da semana que vem, o Museu Picasso de Paris apresenta uma exposição dedicada aos primeiros anos de um mestre da pintura norte-americana, Jackson Pollock (1912-1956), fortemente marcado pela influência de Pablo Picasso e dos muralistas mexicanos. Primeira exposição na França desde 2008 a se concentrar nesse representante do expressionismo abstrato, ela apresenta "cerca de 100 obras, a maioria vinda principalmente do MoMA de Nova York, segundo a curadora da exposição.

Intitulada "Jackson Pollock, the early years (1934-1947)", a exposição faz uma retrospectiva do início da carreira do artista, marcada pela influência do regionalismo, e também pelo trabalho de Pablo Picasso e dos muralistas mexicanos, que culminou com seus primeiros "drippings", ou "respingos de tinta" que revolucionaram a maneira como ele pintava e se tornaram uma espécie de marca registrada do artista.

Picasso, transtorno bipolar e alcoolismo

"Picasso significou muito para Pollock e para toda uma geração de artistas. Eles nunca se conheceram, mas o irmão mais velho de Jackson Pollock, Charles [também pintor], enviava-lhe revistas nas quais o trabalho de Picasso era publicado. Ele foi o primeiro intermediário entre a arte moderna e seu irmão mais novo e, de certa forma, forneceu a ele suas primeiras referências", diz a curadora da mostra, Joanne Snrech.

Foi uma exposição de 1939 intitulada "Picasso: 40 anos de sua arte" no MoMA, que exibia o famoso quadro "Guernica" na época, que parece ter tido "o maior impacto" sobre o trabalho de Pollock, aponta Snrech.

A primeira parte da exposição mostra desenhos e pinturas de Jackson Pollock, usando o motivo da máscara ou do touro, cuja semelhança com as evocações de Picasso é perturbadora. Uma série de desenhos do artista norte-americano, que sofria de transtorno bipolar e era alcoólatra, destinados a seu psicanalista como apoio terapêutico, são outro testemunho surpreendente da influência do mestre espanhol.

Nascido na zona rural dos EUA

Nascido em 1912 em Wyoming, um estado rural no oeste dos Estados Unidos, Jackson Pollock era um dos cinco irmãos de uma família modesta que era "altamente politizada", de acordo com a curadora da exposição.

Ele chegou a Nova York em 1930 e descobriu um local artístico borbulhante que lançaria sua carreira após uma formação acadêmica na Art Student League, onde seu professor, Thomas Hart Benton, inspirou seu uso rítmico da tinta.

Muralistas mexicanos

Charles e Jackson também viajaram juntos para observar os grandes ciclos de afrescos dos muralistas mexicanos: Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e José Clemente Orozco. No início da década de 1930, todos esse artistas haviam recebido inúmeras encomendas dos Estados Unidos, onde permaneceram, às vezes mantendo seus ateliês de trabalho, como Siqueiros, com quem Pollock trabalhou em 1936.

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Em janeiro de 1941, outra exposição do MoMA dedicada à arte nativa norte-americana também influenciou Jackson Pollock: mais de mil obras e objetos foram exibidos, demonstrações de pintura com areia foram feitas por artistas navajos e um gigantesco totem esculpido foi erguido do lado de fora. O pintor começou a trabalhar no chão, incluindo motivos totêmicos e xamânicos em suas obras.

Influência dos surrealistas

A exposição também mostra a influência sobre o artista de figuras europeias exiladas nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e, em particular, a dos surrealistas: o automatismo, a chave para a criação artística segundo eles, seria adotado pelo pintor em toda a sua obra.

Uma sala é dedicada ao encontro do artista em 1942 com a colecionadora e mecenas Peggy Guggenheim, que abriu uma galeria em Nova York onde exibiu sua rica coleção de vanguardas europeias ao lado de artistas emergentes, incluindo Jackson Pollock, um "ponto de virada em sua carreira", de acordo com a curadora.

Em 1944, o MoMA comprou sua primeira obra, "She-Wolf", apresentada na exposição.

Uma última sala da mostra é dedicada exclusivamente ao seu desenvolvimento dos "drippings", uma infinidade de respingos de tinta, muitas vezes lembrando uma caligrafia, que o tornou mundialmente famoso.

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(Com AFP)

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