Presidente da Geórgia não reconhece resultados eleitorais e denuncia 'guerra híbrida' da Rússia
Em entrevista à RFI, a presidenta da Geórgia, Salome Zurabishvili, e os principais partidos da oposição se negaram a reconhecer os resultados das eleições do último sábado (26), cujo pleito oficial confirmou a maioria absoluta do partido governante, Sonho Georgiano, que, nos últimos anos, aprovou várias reformas repressivas e se aproximou radicalmente de Moscou.
Em entrevista à RFI, a presidenta da Geórgia, Salome Zurabishvili, e os principais partidos da oposição se negaram a reconhecer os resultados das eleições do último sábado (26), cujo pleito oficial confirmou a maioria absoluta do partido governante, Sonho Georgiano, que, nos últimos anos, aprovou várias reformas repressivas e se aproximou radicalmente de Moscou.
"Fomos testemunhas e vítimas do que só pode ser descrito como uma operação especial russa. Uma nova forma de guerra híbrida contra nosso povo e nosso país", disse a presidenta à RFI, após um dia de reuniões com os candidatos da oposição, que, por sua vez, se negaram a receber os diplomas de deputado e convocaram a população a protestar.
Observadores de organizações internacionais, como o Conselho da Europa e a OSCE, afirmaram ter registrado numerosos casos de irregularidades, desde pressões e intimidações aos eleitores até compra de votos.
A oposição e os observadores locais vão além e falam de uma fraude sistemática, especialmente em áreas rurais, onde o apoio ao partido governante aumentou entre 20 e 30 pontos, chegando a 80% e 90%.
A Comissão Europeia pediu às autoridades georgianas que investiguem essas acusações de forma transparente e advertiu à Geórgia que deve revogar a legislação antidemocrática se quiser continuar seu processo de adesão à União Europeia, que foi desacelerado em agosto.
Países europeus exigem explicações
Enquanto isso, cada vez mais países europeus exigem do governo da Geórgia explicações e investigações transparentes sobre as irregularidades detectadas, que, segundo uma coalizão local de observadores, afetariam cerca de 200 seções eleitorais, totalizando em torno de 10% dos eleitores.
De fato, a Suécia anunciou que rompe temporariamente toda relação com o governo georgiano, e o Canadá afirmou que está considerando fazer o mesmo.
Mas na União Europeia, nem todos pensam da mesma forma: o primeiro-ministro húngaro, o ultraconservador e pró-russo Viktor Orbán, que exerce a presidência rotativa do Conselho Europeu, chegou à Geórgia para apoiar o governo do Sonho Georgiano, embora as demais autoridades europeias tenham criticado a visita e deixado claro que ele não fala em nome da União Europeia.
Vários ministros das Relações Exteriores europeus disseram que não reconhecerão os resultados.
A oposição da Geórgia, por completo, anunciou que seus candidatos não irão receber o diploma de deputado por considerar que os resultados das eleições de sábado, que confirmaram a maioria absoluta do partido governante Sonho Georgiano, são uma fraude.
Novas eleições com supervisão internacional
Eles também exigiram que o governo convoque novas eleições, mas sob supervisão internacional, já que não confiam na Comissão Eleitoral (CEC). Os líderes da oposição, mais unidos do que nunca, apresentaram esse plano diante de dezenas de milhares de pessoas que lotaram a avenida Rustaveli, em Tbilisi, e os arredores do Parlamento.