Washington 'está tremendo' para eleição presidencial mais tensa da história dos EUA, diz jornal francês

O jornal progressista Libération descreve, nesta quinta-feira (31), Donald Trump como um "pesadelo" que "soa uma chuva de alarmes sobre a democracia dos Estados Unidos", e diz que o ex-presidente é um "perigo iminente". Na mesma temática, o Le Monde expõe uma crise na imprensa americana por conta de questões ligadas à tensa corrida à Casa Branca, e que abalou financeiramente o diário The Washington Post.

Para o jornal Libération, o eventual retorno de Donald Trump ao poder, após a eleição presidencial da próxima terça-feira, 5 de novembro, ameaça a estabilidade das instituições americanas e o respeito ao Estado de Direito. Esses temores existem mesmo em caso de derrota do republicano, dada a natureza imprevisível e agressiva do ex-presidente, descreve o diário.

Washington "está tremendo" a cinco dias para o que é indiscutivelmente a eleição presidencial mais tensa e indecisa da história dos EUA, opina o diário, ao afirmar que a capital americana não está pronta para um segundo mandato de Trump, "que seria muito mais ameaçador do que o primeiro", diz o texto. O Libé acrescenta que no séquito de Trump, que prometeu ser "um ditador em seu primeiro dia no cargo", só restam as pessoas próximas ao republicano e seus seguidores fanáticos. 

O diário Le Monde evocou o que chama de "último grande encontro" de Kamala Harris em Washington, na terça-feira (29), quando a candidata discursou no local onde ocorreu a invasão do Capitólio pelos apoiadores de Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021. A atual vice-presidente e candidata democrata pediu para os americanos não confiarem as rédeas de seu destino ao "pequeno tirano" Donald Trump.   

Além disso, a reportagem comenta a crise editorial interna que atingiu a redação do jornal The Washington Post, com consequências econômicas desde a semana passada, por conta da cobertura das eleições e o embate entre Trump e Harris.

Segundo o texto do Le Monde, o jornal americano teria perdido mais de 250 mil assinantes entre a sexta-feira, 25, e o meio-dia de terça-feira, 29 de outubro. "O proprietário do prestigioso jornal, Jeff Bezos, fundador da Amazon, é suspeito de ter forçado a equipe editorial a optar pela neutralidade na eleição presidencial pela primeira vez desde 1988, uma medida que indignou alguns de seus leitores. A onda de deserções representa 10% de seus 2,5 milhões de assinantes, uma queda sem precedentes na imprensa em um espaço de tempo tão curto." 

Tudo começou quando o diretor administrativo William Lewis anunciou que o jornal - famoso por expor o escândalo Watergate, em 1972 - não apoiaria nenhum candidato na eleição presidencial de 2024 e em eleições futuras. No entanto, uma hora depois, dois jornalistas do diário explicaram, em um artigo detalhado, que uma posição a favor de Kamala Harris estava sendo preparada e que a decisão de bloquear a publicação veio de Jeff Bezos.  

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O sindicato dos jornalistas dos EUA denunciou o fato como "interferência". Um dos editorialistas mais experientes do Washington Post pediu demissão na sequência, causando uma crise interna sem precedentes em um dos jornais considerados mais importantes do país. 

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