Para evitar 'efeito Cunha', Lula avaliza apoio ao 'Cunha's boy'
Nada é tão admirável na política quanto a combinação da boa memória com a memória curta. Lula lembra do erro cometido sob Dilma como se a coisa tivesse ocorrido ontem. Há dez anos, o PT peitou Eduardo Cunha na Câmara. Viveu um pesadelo que terminou em impeachment e cadeia. Para evitar um replay, Lula autorizou o PT a apoiar a candidatura de Hugo Motta, um "Cunha's boy", à presidência da Câmara.
O garoto do Cunha chega à condição de favorito a integrar a linha sucessória de Lula, uma posição atrás do vice Geraldo Alckmin, com uma mochila carregada de uma simbologia antipetista. É impulsionado por Arthur Lira. Tem diálogo fácil com Bolsonaro. Está próximo de Ciro Nogueira como a unha da cutícula. É filiado ao Republicanos, partido de Tarcísio de Freitas.
Hugo Motta, 34, é a face jovial de uma velha oligarquia da Paraíba. Vem de Patos. O prefeito da cidade é seu pai, Nabor Wanderley. Antes, passaram pela prefeitura um tio e a avó do deputado. Vitaminado por emendas Pix enviadas pelo filho, Nabor foi reeleito para o quarto mandato, com 73,7% dos votos. Prevaleceu numa disputa em que o candidato do PT, Professor Edileudo, chegou em terceiro (2,9%).
O Planalto ajuda levar a precariedade para a poltrona que já acomodou a respeitabilidade Ulysses Guimarães por pragmatismo. Lula assistia de camarote a uma briga interna do centrão. Ao perceber que a candidatura de Hugo Motta tornou-se favorita, tratou de envolver o PT na formação desse favoritismo, para obter do provável ungido um compromisso com a governabilidade.
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