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Sakamoto: Lula trabalha Haddad como sucessor, mas há resistência no PT

Lula vê o ministro da Fazenda Fernando Haddad como seu sucessor natural para concorrer à Presidência da República, mas enfrenta resistência dentro do PT, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (31).

A colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo apurou que lideranças do PT já discutem a possibilidade de Lula não se lançar como candidato à reeleição em 2026. Elas avaliam que o presidente pode desistir caso sua popularidade ou a aprovação do seu governo atinjam níveis satisfatórios.

De maneira geral, existe uma 'lulodependência' na esquerda. Muita gente discute que há muitas lideranças de esquerda no Brasil, mas nenhuma delas com força para disputar um mandato nacional e assumir esse legado quando Lula se retirar da vida pública.

Existem alguns nomes que são naturalmente sucessores do presidente, como o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Há outros, mas que são citados dentro do partido e que não têm força eleitoral nacional, como o ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa e Camilo Santana [ministro da Educação].

Haddad tem mais projeção nacional, já se candidatou à Presidência em 2018 e vem sendo trabalhado por Lula exatamente para isso. Ele já passou por essa corrida, mas enfrenta resistências dentro do próprio partido e da esquerda por ter uma visão que busca conciliar as demandas do mercado com as questões sociais. Sofre pressão de uma outra ala do PT que defende mais recursos para direitos sociais, não apenas por uma questão de resultados nesta área, para garantir qualidade de vida aos mais pobres a curto prazo, mas também eleitorais.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto ressaltou que, embora Haddad surja como uma opção mais viável para suceder Lula, há membros do PT defendem que o ministro saia como vice da chapa em 2026.

Com o desemprego caindo, renda subindo e se a inflação conseguir ficar controlada, você terá um Lula competitivo. Tanto que Gilberto Kassab [presidente do PSD] fala isso e projeta Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo] para 2030, não para 2026. O próprio Pablo Marçal [candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo] disse que não concorreria com Lula também.

O fiel da balança será menos a vontade de Lula, ou seja, ele querer ou não [se lançar candidato à reeleição]. A questão será se a idade dele permitirá isso ou não. Ele terá mais de 80 anos e concorrendo. A pergunta é: como ele estará nesse processo?

Muita gente no PT defende que, se Lula sair [como candidato] em 2026, o vice seja o Haddad. É complicado por ser chapa petista pura, mas seria garantir a pessoa vista como sua sucessora natural na vice-presidência.

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Haddad é visto como um nome muito forte, de diálogo com o mercado e com vários setores da sociedade, mas critica-se dentro do PT que ele não é tão bom de campanha eleitoral como a máquina Lula. Por isso, no partido há quem defenda que Haddad entre como vice de Lula para permitir uma passagem mais suave de bastão.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Josias: Mercado de trabalho aquecido pode impulsionar taxa de inflação

A queda na taxa de desemprego significa uma ótima notícia para o governo Lula, mas ao mesmo tempo representa um desafio para controlar um possível aumento na inflação, avaliou o colunista Josias de Souza.

É uma boa notícia, evidentemente. O mercado de trabalho está aquecido e isso já havia sido demonstrado nos dados do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho]. Ali, já havia se verificado um saldo positivo de 248 mil vagas formais, com carteira assinada, em setembro. É um número importante e superou as expectativas do mercado.

O desemprego está caindo e o emprego, aumentando. Isso é positivo, mas a economia é uma ciência complexa. A expectativa é de que a situação do emprego melhore agora. Estamos chegando perto do fim do ano, com 'Black Friday' pela frente e aquela temporada natalina, com muitas contratações temporárias.

Estamos próximos de alcançar uma taxa de desemprego abaixo de 7%, o que já pode ser considerado como uma fase de pleno emprego. Isso traz um risco: com o mercado aquecido, aumenta a renda das pessoas e isso impulsiona a taxa de inflação. Daí esse paradoxo: estamos vivendo um bom momento, com crescimento rodando na casa dos 3%, também acima das previsões do mercado, emprego melhorando, e os juros do Banco Central estão nas alturas. Josias de Souza, colunista do UOL

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