Ministro da Educação da Itália culpa migrantes por 'violência machista' e diz que 'patriarcado não existe'
O Ministro da Educação da Itália, Giuseppe Valditara, membro do partido de extrema direita "La Liga", afirmou que "o patriarcado não existe mais" e que os imigrantes são responsáveis pela violência machista. As declarações do ministro causaram ainda mais desconforto e polêmica, pois ele as fez durante uma apresentação da Fundação Giulia Cecchettin, uma estudante italiana de 22 anos assassinada pelo namorado, também italiano, em 2023.
O feminicídio de Giulia Cecchettin chocou os italianos e centenas de milhares de pessoas saíram às ruas para denunciar a violência contra as mulheres.
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Em uma mensagem de vídeo transmitida na segunda-feira (18) na Câmara dos Deputados, na presença de familiares de Giulia Cecchettin, o ministro Valditara se dirigiu "aos recém-chegados" ao território italiano.
"Vamos encarar o fato de que o aumento da violência sexual também está ligado a uma forma de marginalidade e desvio que vem, em certa medida, da imigração ilegal", disse ele.
O ministro de extrema direita também denunciou "a ideologia que nunca busca resolver problemas, mas afirmar uma visão pessoal do mundo. É a visão ideológica que gostaria de resolver a questão das mulheres lutando contra o patriarcado", que, segundo ele, não existe mais "legalmente desde a reforma do direito de família de 1975", que estabeleceu a igualdade perante a lei, sem distinção de sexo, entre os cidadãos e entre ambos os cônjuges.
Assassino de Giulia era "branco e italiano"
A irmã de Giulia Cecchettin, Elena, classificou o discurso de Valditara como "propaganda" e lembrou que o assassino de Giulia era um jovem "branco" e "italiano". O judiciário da Itália anunciará sua sentença contra Filippo Turetta, um estudante de 22 anos, no próximo mês.
Desde o início do ano, 83 feminicídios foram registrados na Itália, seguidos de 96 em 2023 e 106 em 2022, de acordo com dados do Ministério do Interior.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, 94% das mulheres italianas assassinadas em 2022 foram mortas por italianos.
(Com AFP)