Hamas acusa EUA por guerra em Gaza, após novo veto americano à resolução de cessar-fogo
Os Estados Unidos vetaram, nesta quarta-feira (20), uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Os americanos criticaram o texto por não oferecer um compromisso para a a libertação dos reféns em possessão do Hamas.
Os 15 membros do Conselho de Segurança foram chamados a se pronunciar sobre um projeto de resolução apresentado pelos dez membros não permanentes da instituição (E10) que convocaram a um "cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" em Gaza, exigindo, separadamente, a libertação dos reféns do Hamas.
Apenas os Estados Unidos votaram contra, usando o seu direito de veto como membro permanente do Conselho para bloquear a resolução.
Um alto funcionário americano disse à imprensa, antes da votação, que Washington apenas apoiaria uma resolução que apelasse explicitamente à libertação imediata dos reféns em um quadro de um cessar-fogo.
"Como já dissemos repetidamente, não podemos apoiar um cessar-fogo incondicional que não exija a libertação imediata dos reféns", disse ele.
A Grã-Bretanha propôs uma nova redação do texto, a qual os Estados Unidos estavam preparados para apoiar, mas que foi rejeitada, acrescentou o responsável americano, acusando alguns países de forçarem "cinicamente" os Estados Unidos para o veto, sob a influência da China e da Rússia, em vez de procurar adaptar a resolução.
Hamas acusa os EUA
Após o novo veto americano na ONU sobre um projeto de texto para um cessar-fogo em Gaza, o movimento islâmico palestino Hamas acusou os Estados Unidos de serem "diretamente responsáveis" pela "guerra genocida" de Israel na Faixa de Gaza.
"Mais uma vez, os Estados Unidos mostram que são um parceiro direto na agressão contra o nosso povo, que é criminosa, matando crianças e mulheres, destruindo a vida de civis em Gaza, sendo diretamente responsáveis pela guerra genocida e pela limpeza étnica, bem como a ocupação", respondeu o Hamas, em um comunicado de imprensa.
O líder do Hezbollah libanês, por sua vez, garantiu nesta quarta-feira que não aceitará qualquer acordo de cessar-fogo que viole "a soberania" do Líbano, respondendo a Israel, que afirma querer manter a "liberdade de ação" contra a formação pró-iraniana.
"Israel não pode (..) impor as suas condições", disse Naïm Qassem, num discurso pré-gravado, transmitido enquanto um enviado americano tentava alcançar um cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel.
Ele acrescentou que o Hezbollah exigiu "a cessação total da agressão e a preservação da soberania" do Líbano. "O inimigo israelense não pode penetrar quando quiser" no território libanês no caso de um cessar-fogo, disse ele.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, afirmou nesta quarta-feira que qualquer acordo de cessar-fogo deveria permitir ao seu país "liberdade de ação" contra o Hezbollah "em caso de violações".
EUA trabalham para buscar acordo
O enviado americano, Amos Hochstein, reuniu-se duas vezes, na terça e quarta-feira, em Beirute, com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, que faz a intermediação com o Hezbollah, para discutir o plano de cessar-fogo americano apresentado na quinta-feira passada aos líderes libaneses.
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Quero receber"Recebemos o documento (americano) e fizemos comentários", explicou Naïm Qassem, eleito chefe do Hezbollah um mês após a morte do seu antecessor, Hassan Nasrallah, num ataque israelense.
"Nossas observações, e as do Presidente Berri, que estão em harmonia, foram transmitidas ao enviado americano", que deverá visitar Israel, acrescentou.
Tel Aviv no alvo
O líder do Hezbollah afirmou ainda que o grupo terá como alvo "o centro de Tel Aviv", em resposta aos três ataques israelenses em Beirute, no domingo e na segunda-feira, um dos quais matou o gestor de comunicação social do movimento.
Israel "atacou o coração da capital, e é por isso que deve esperar uma resposta no centro de Tel Aviv", disse.
A violência entre Israel e o movimento libanês Hezbollah, iniciada após a guerra declarada na Faixa de Gaza, já deixou mais de 3.540 mortos, desde outubro de 2023. Do lado israelense, 79 soldados e 46 civis foram mortos em 13 meses.
O líder do Hezbollah garantiu que o seu partido se prepara para "uma longa batalha" contra Israel e uma "guerra de desgaste" caso as negociações fracassem.
(Com AFP)
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