'Operação Mosquito', o plano dos militares para assassinar o presidente
O plano envolvendo militares para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes tem precedentes. Em setembro de 1961, oficiais da Aeronáutica tramaram o abate do avião que levaria João Goulart de Porto Alegre para Brasília. O objetivo da Operação Mosquito era evitar a posse de Jango na Presidência.
A aeronave voou com as luzes apagadas e chegou à capital. E assim, graças a oficiais legalistas que se recusaram a cumprir a missão recebida, o então vice-presidente escapou da tragédia.
A trama havia começado no final do mês anterior, com a renúncia do presidente Jânio Quadros. A cúpula das Forças Armadas foi incisiva contra a posse do vice, que estava em viagem oficial à República Popular da China.
Jango foi para Montevidéu, de onde começou a negociar sua posse. Ele, no entanto, teve dificuldades no diálogo com os militares.
A Operação Mosquito só foi revelada no período democrático.
Nesse tempo, o golpismo das Forças Militares mirou também o Supremo Tribunal Federal. O ex-ministro Celso de Mello lembrou ontem, na terça-feira (19), que, em 1963, uma insurreição de cabos, sargentos e suboficiais da Aeronáutica e da Marinha causou impacto na capital federal.
O então ministro do Supremo Victor Nunes Leal foi sequestrado e levado para a Base Aérea de Brasília, depois que o Supremo decidiu tornar inelegíveis militares que haviam concorrido nas eleições legislativas do ano anterior.
Surgida dentro da caserna, a Revolta dos Sargentos foi usada como pretexto pelos oficiais para acusar o governo Jango de quebra de hierarquia, inflando os ânimos.
Os golpistas estariam entre os que ajudaram a derrubar o governo Jango três anos depois, em março de 1964. E os oficiais que não obedeceram às ordens de abater o avião do presidente foram expulsos da Aeronáutica.
Outra figura política que teve dificuldades para assumir a Presidência foi Juscelino Kubitschek. A UDN, em especial, argumentava que JK não conseguira maioria absoluta dos votos nas eleições de 1955. No entanto, o líder do PSD assumiu a Presidência por meio de uma ofensiva do general Henrique Teixeira Lott, que pôs tanques nas ruas do Rio e derrubou Carlos Luz, que, após o afastamento de Café Filho, assumira a Presidência e estaria tramando um golpe para evitar a posse do eleito.
Uma vez no poder, Juscelino voltou a ter problemas com os militares. Em 1956, oficiais da Aeronáutica sequestraram um avião e tentaram um movimento golpista a partir de Aragarças, em Goiás. Em 1959, voltaram a tramar contra o governo JK quando tomaram a base de Jacareacanga, no Pará. Os golpistas foram anistiados por Juscelino.
A história mostra que todas as vezes que interferiram, por meio das armas e da violência, no processo democrático, os militares nunca foram banidos de fato. Até mesmo quando, na ditadura militar tentaram dar um golpe para derrubar o governo do general Ernesto Geisel.
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