'Suas receitas estão sendo monitoradas pela indústria farmacêutica' | Podcast UOL Prime #21
Do UOL, em São Paulo
06/06/2024 04h00
O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, conversa nesta quinta-feira (6) com a jornalista Amanda Rossi sobre como a indústria farmacêutica monitora e tenta influenciar o que os médicos prescrevem.
Você pode ouvir acima a íntegra do episódio, que tem como base as reportagens "Sem consentimento, indústria farmacêutica vigia milhões de receitas médicas" e "Os milhões que a indústria da saúde paga aos médicos em viagens e presentes".
Quando uma prescrição chega ao balcão da farmácia, os dados do médico e dos produtos que ele receitou são capturados para um banco de dados.
As farmácias comercializam essas informações com duas empresas, IQVIA e Close-Up, que depois revendem para a indústria farmacêutica — sem consentimento do médico.
"São 250 milhões de prescrições capturadas nas farmácias brasileiras em um ano. Elas são usadas para categorizar os médicos e depois alimentar o marketing farmacêutico", diz a jornalista.
"A indústria tem um monte de carta na manga" para tentar influenciar as prescrições, diz Amanda.
Entre elas, amostras grátis, jantares, convites para congressos nacionais e internacionais com tudo pago e contratos para dar palestras. "É um cenário permeado de conflitos de interesse."
Toda a operação é estruturada para vender remédios de marca — os de referência, que foram os primeiros a entrar no mercado, ou os similares. Os genéricos são vistos como vilões.
"À medida que o número de médicos jovens avança, o volume de prescrição de genéricos também tende a aumentar. É um desafio para a indústria. Ou recupera parte desses médicos ou a prescrição genérica vai alcançar níveis altíssimos", disse Paulo Paiva, vice-presidente da Close-Up.
IQVIA, Close-UP e entidades que representam farmácias e indústrias farmacêuticas não negam o monitoramento das prescrições médicas. Dizem que tudo está dentro da lei e contribui para levar conhecimento para profissionais de saúde.
Em relação aos gastos com médicos, as farmacêuticas defendem que isso ajuda a capacitar profissionais. E garantem que não trocam os benefícios por prescrições.
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