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EUA podem escrutinar qualquer pensamento falado ou escrito por qualquer um

20/02/2015 21h14

Numa conferência feita recentemente na Texas A&M University, o general Dempsey, chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas, listou as maiores ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos usando a fórmula “dois, dois, dois e um”. Dois pesos-pesados, dois pesos médios, duas redes terroristas, um perigo cibernético.

Os adversários pesos-pesados são a Rússia e a China. Irã e a Coreia do Norte são os pesos-médios. As duas redes terroristas consistem nos movimentos extremistas islamitas na África do Norte e no Paquistão. Enfim, Dempsey tratou da sétima ameaça: os ciberataques à rede de informática militar americana.

Depois de afirmar que há muito trabalho ainda a ser feito, o general Dempsey reconheceu que seus serviços já tinham obtido “avanços significativos” nessa área. Mas advertiu que ainda existem falhas, visto que 90% da administração e da logística do país dependem das redes comerciais de internet, que são vulneráveis aos ataques. A conclusão lógica de sua argumentação é que a colaboração entre o setor privado, ou seja, Google, Facebook, Microsof, provedores e tudo e mais alguma coisa que se movimenta na galáxia 2.0, deve compartilhar informações com o sistema de segurança americano.

Desde o século das Luzes, e das Revoluções Americana (1776-1783) e Francesa (1789), a liberdade da vida privada –inviolabilidade do domicílio, do segredo profissional e da correspondência– vinha sendo progressivamente reforçada e incorporada ao quadro jurídico dos países democráticos.

Em 1988, no mundo que existia antes da internet, a Suprema Corte americana decidiu, depois de muito debate, que a polícia podia abrir a lata de lixo de suspeitos em busca de provas. Porém, ao menos três Estados, Nova Jersey, Vermont e Washington, mantêm legislação considerando a lata de lixo depositada na rua como elemento integrante da privacidade e proibindo a polícia de esgaravatar o lixo de qualquer cidadão sem mandato judicial. 

Agora a doutrina Dempsey avoca o direito de escrutinar qualquer pensamento que seja falado ou escrito por um indivíduo em qualquer local de sua casa e do planeta em que ele esteja.
Na manchete da notícia de que a National Security Agency (órgão responsável pela segurança e a espionagem eletromagnética americana), muito provavelmente, implantou um malware espião nos discos duros fabricados nos EUA, Zerohedge, um blog independente de informações de Wall Street, escreve “A privacidade tecnológica foi um mito”.