Britânicos tentam usar óleo de peixe para tratar jovens infratores
Jovens infratores, incluindo assassinos, em três instituições penais no Reino Unido vão receber suplementos vitamínicos como parte de um estudo para verificar se os suplementos podem reduzir o comportamento anti-social na prisão.
Pesquisadores britânicos dizem esperar que a pesquisa tenha profundas implicações para o sistema judiciário.
Os jovens vão adicionar os suplementos à sua dieta normal e seu comportamento vai ser comparado ao de outros que vão tomar placebos.
A pesquisa, financiada pela entidade beneficente Wellcome Trust, sucede um outro estudo, menor, que revelou que suplementos tiveram um impacto favorável sobre os níveis de violência e má disciplina em uma instituição na cidade inglesa de Aylesbury.
O estudo não se propõe a melhorar a alimentação oferecida nas prisões britânicas, já que, para os especialistas, a dieta oferecida é satisfatória. "O problema é que os prisioneiros não fazem boas escolhas", disse o professor John Stein, da Oxford University. "É isto que estamos tentando superar".
Histórico
A idéia de que uma alimentação melhor poderia mudar o comportamento é atraente - tomar um comprimido é uma opção simples e barata - mas não é nova.
Em 1942, o médico Hugh Sinclair persuadiu o governo britânico a suplementar as dietas de crianças com suco de laranja e óleo de fígado de bacalhau. Sinclair suspeitava de que a má nutrição poderia provocar, entre outros problemas, o comportamento anti-social.
Hoje, o óleo de fígado de bacalhau, rico no ácido graxo Ômega 3, é consumido por uma nova geração de pais que acreditam que o suplemento possa ajudar o desempenho de seus filhos na escola.
Mas embora haja um certo consenso na comunidade científica de que os ácidos graxos tenham um efeito protetor sobre o coração, seu impacto no cérebro - seja para combater a depressão, impultos violentos ou melhorar a concentração - não foi comprovado.
Estudos pequenos com crianças disléxicas ou com Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) apresentaram resultados inconclusivos.
O efeito dos ácidos graxos sobre o comportamento anti-social é ainda menos estudado.
O Ômega 3 é um entre 30 componentes do suplemento vitamínico que será dado aos jovens nas três instituições penais britânicas.
Testes com computadores vão avaliar a incidência de tendências impulsivas, tidas como um fator importante no comportamento anti-social, entre os participantes.
O índice de batimentos cardíacos também será medido - já que índices baixos, acredita-se, estariam também associados ao mau comportamento. E alterações na composição sangüínea também serão monitoradas.
Embora o óleo de peixe seja o mais promissor, o estudo medirá níveis de outros suplementos, como o zinco, entre os participantes.
Os resultados serão comparados com os do grupo que vai tomar o placebo.
Os pesquisadores esperam que os resultados confirmem os do estudo feito em Aylesbury.
Nele, os jovens que tomaram os suplementos cometeram em média 26% menos delitos do que os que tomaram o placebo e praticaram 37% menos crimes violentos.
Mesmo que os resultados sejam positivos, os pesquisadores acreditam que ainda haverá muitas perguntas a responder. Por exemplo, será que os suplementos teriam efeito sobre pessoas de todas as idades, ou apenas sobre cérebros em desenvolvimento?
Por quanto tempo duraria o efeito? Como assegurar que o ex-preso continuará a tomar o suplemento após deixar a prisão?
Outra questão, mais polêmica, seria sobre a possibilidade de se oferecer os suplementos a jovens considerados "passíveis" de cometer crimes antes que eles cometam a infração.
Frances Crook, diretor da instituição Howard League for Penal Reform, que faz campanha pela reforma do sistema penal britânico, acredita que a alimentação tem um papel importante no comportamento criminoso.
Mas discorda da proposta por trás do estudo. "Está tudo errado. O que precisamos é de uma abordagem ampla: esses jovens precisam ser ensinados a comprar e cozinhar uma refeição nutritiva e, o que é crucial, a sentar e comê-la com outros", disse Crook.
"Uma sociedade que acredita que um jovem infrator pode ser curado por um comprimido que ele consome em sua cela na prisão junto com a batata frita precisa fazer uma reflexão séria. Tomar um comprimido não pode jamais ser a resposta."
Pesquisadores britânicos dizem esperar que a pesquisa tenha profundas implicações para o sistema judiciário.
Os jovens vão adicionar os suplementos à sua dieta normal e seu comportamento vai ser comparado ao de outros que vão tomar placebos.
A pesquisa, financiada pela entidade beneficente Wellcome Trust, sucede um outro estudo, menor, que revelou que suplementos tiveram um impacto favorável sobre os níveis de violência e má disciplina em uma instituição na cidade inglesa de Aylesbury.
O estudo não se propõe a melhorar a alimentação oferecida nas prisões britânicas, já que, para os especialistas, a dieta oferecida é satisfatória. "O problema é que os prisioneiros não fazem boas escolhas", disse o professor John Stein, da Oxford University. "É isto que estamos tentando superar".
Histórico
A idéia de que uma alimentação melhor poderia mudar o comportamento é atraente - tomar um comprimido é uma opção simples e barata - mas não é nova.
Em 1942, o médico Hugh Sinclair persuadiu o governo britânico a suplementar as dietas de crianças com suco de laranja e óleo de fígado de bacalhau. Sinclair suspeitava de que a má nutrição poderia provocar, entre outros problemas, o comportamento anti-social.
Hoje, o óleo de fígado de bacalhau, rico no ácido graxo Ômega 3, é consumido por uma nova geração de pais que acreditam que o suplemento possa ajudar o desempenho de seus filhos na escola.
Mas embora haja um certo consenso na comunidade científica de que os ácidos graxos tenham um efeito protetor sobre o coração, seu impacto no cérebro - seja para combater a depressão, impultos violentos ou melhorar a concentração - não foi comprovado.
Estudos pequenos com crianças disléxicas ou com Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) apresentaram resultados inconclusivos.
O efeito dos ácidos graxos sobre o comportamento anti-social é ainda menos estudado.
O Ômega 3 é um entre 30 componentes do suplemento vitamínico que será dado aos jovens nas três instituições penais britânicas.
Testes com computadores vão avaliar a incidência de tendências impulsivas, tidas como um fator importante no comportamento anti-social, entre os participantes.
O índice de batimentos cardíacos também será medido - já que índices baixos, acredita-se, estariam também associados ao mau comportamento. E alterações na composição sangüínea também serão monitoradas.
Embora o óleo de peixe seja o mais promissor, o estudo medirá níveis de outros suplementos, como o zinco, entre os participantes.
Os resultados serão comparados com os do grupo que vai tomar o placebo.
Os pesquisadores esperam que os resultados confirmem os do estudo feito em Aylesbury.
Nele, os jovens que tomaram os suplementos cometeram em média 26% menos delitos do que os que tomaram o placebo e praticaram 37% menos crimes violentos.
Mesmo que os resultados sejam positivos, os pesquisadores acreditam que ainda haverá muitas perguntas a responder. Por exemplo, será que os suplementos teriam efeito sobre pessoas de todas as idades, ou apenas sobre cérebros em desenvolvimento?
Por quanto tempo duraria o efeito? Como assegurar que o ex-preso continuará a tomar o suplemento após deixar a prisão?
Outra questão, mais polêmica, seria sobre a possibilidade de se oferecer os suplementos a jovens considerados "passíveis" de cometer crimes antes que eles cometam a infração.
Frances Crook, diretor da instituição Howard League for Penal Reform, que faz campanha pela reforma do sistema penal britânico, acredita que a alimentação tem um papel importante no comportamento criminoso.
Mas discorda da proposta por trás do estudo. "Está tudo errado. O que precisamos é de uma abordagem ampla: esses jovens precisam ser ensinados a comprar e cozinhar uma refeição nutritiva e, o que é crucial, a sentar e comê-la com outros", disse Crook.
"Uma sociedade que acredita que um jovem infrator pode ser curado por um comprimido que ele consome em sua cela na prisão junto com a batata frita precisa fazer uma reflexão séria. Tomar um comprimido não pode jamais ser a resposta."