Além da polícia, MP-RJ também começa a investigar incêndio na Cidade do Samba

Além da Polícia Civil, também o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro vai investigar o incêndio que destruiu, ontem (7) de manhã, quatro barracões na Cidade do Samba, na zona portuária da capital fluminense.

O inquérito civil público foi instaurado nesta terça-feira (8) pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cidadania do Núcleo da capital. Em nota, o promotor que coordena as investigações, Rogério Pacheco Alves, justificou que, além de ocorrência de danos ao patrimônio público, há também “notícias de que o acidente teria decorrido de falhas no sistema preventivo de incêndios, o que levou o Corpo de Bombeiros a lavrar um auto de interdição”.

“O Ministério Público vai aguardar o envio da documentação solicitada para verificar se houve alguma falha por parte da administradora do espaço”, afirmou Alves em nota emitida no início desta noite.

Entre as primeiras medidas do inquérito civil no MP está a requisição de documentação a órgãos envolvidos na apuração das causas do incêndio e na interdição da área onde ocorreu o acidente. À diretoria-geral de serviços técnicos do Corpo de Bombeiros do Estado, por exemplo, foi pedido, em até dez dias, cópias de todos os laudos das inspeções e vistorias realizadas na Cidade do Samba.

O MP requisitou documentação também à Defesa Civil do município -- cópias de todos os laudos das inspeções e vistorias realizadas no local, antes e depois do incêndio --, ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli -- o laudo criminal com a indicação das circunstâncias e das causas do incêndio -- e à Procuradoria-Geral do Município -- cópia do processo administrativo e do instrumento jurídico que fundamentam a utilização da Cidade do Samba pela Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).

A promotor solicitou ainda, ao comando dos bombeiros no Rio, a designação de uma data para o depoimento do oficial que lavrou o auto de interdição na área do incêndio.

Investigação na Polícia

O delegado Daniel Mayr, titular da 4ª DP (Praça da República), no Rio de Janeiro, disse hoje que ouvirá os responsáveis pelos barracões das escolas de samba atingidas pelo incêndio -- União da Ilha, Portela, Grande Rio, além da Liesa.

O delegado não descarta interrogar também quem administra a Cidade do Samba. As testemunhas começarão a ser intimadas ao longo da semana. “Está todo mundo ocupado, os funcionários das escolas de samba estão tentando reconstruir, mas essa semana a gente começa a intimá-los”, afirmou. Ninguém ainda foi ouvido pela polícia a respeito do incêndio. Nessa segunda, foi aberto um processo de investigação para apurar o ocorrido.

“Eu trabalho conseguindo coisas concretas”, declarou o delegado, que evitou fazer qualquer tipo de previsão ou comentário a respeito do desenrolar da investigação. “O mais importante é o laudo pericial”, ressalvou Daniel Mayr.

A perícia do local atingido está sendo feita por uma equipe do Instituto de Criminalística. A Polícia Civil acredita que o laudo fique pronto dentro de trinta dias. “É uma perícia complexa”, comentou o titular da 4ª DP.

* Com informações de Daniel Milazzo, Especial para o UOL Notícias no Rio de Janeiro