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Ibama pede cancelamento de licenças para 12 madeireiras no local onde casal foi morto no Pará

Do UOL Notícias

Em São Paulo

03/06/2011 13h46

O Ibama anunciou que vai pedir o cancelamento das licenças ambientais emitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará (Sema) para 12 madeireiras de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, onde os ambientalistas  José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram assassinados.

Segundo o Ibama, o superintendente do instituto no Pará, Sérgio Suzuki, entregará nesta sexta-feira (3) o documento com o pedido à secretária de Meio Ambiente do Pará, Teresa Cativo. “As madeireiras possuem vasta lista de antecedentes no cometimento de infrações ambientais junto ao Ibama. Mas, apesar das constantes multas impostas, as atividades irregulares persistem, muitas das vezes com o não atendimento, sequer, das exigências das licenças ambientais emitidas pela Sema do Pará”, disse Suzuki.

O Ibama afirma que também acionará o Ministério Público Federal porque as madeireiras estão cometendo outros crimes, como falsificação de documentos e inserção de informações falsas em sistemas de controle oficiais, como o Sisflora (Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais). “A reincidência também indica que essas madeireiras podem existir para permitir, facilitar ou ocultar a prática de crimes ambientais”, diz o superintendente.

Nesta semana, os agentes federais iniciaram vistorias nas madeireiras em atividade e constataram que eram todas reincidentes nos crimes ambientais. Até o momento, já foram aplicadas R$ 952,3 mil em multas e fechadas cinco empresas, segundo o Ibama.

Os fiscais também destruíram dezenas de fornos ilegais de carvão e multaram assentados que se associaram a madeireiros para exploração irregular da floresta dentro do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, onde viviam os líderes assassinados.

Estado de Carajás seria o mais violento do país

  • Arte UOL

    A população do Pará será consultada, no segundo semestre, sobre a criação dos Estados de Carajás e Tapajós. Se a criação for aprovada, Carajás nascerá com uma marca negativa: será o Estado com o maior índice de homicídios do país.

Onda de mortes

Cinco camponeses foram mortos na região norte em menos de dez dias, quatro deles no sudeste paraense. O última morte foi de Marcos Gomes da Silva, 33, natural do Maranhão, assassinado em Eldorado dos Carajás no quarta-feira (1º).

Na semana passada, três mortes ocorreram em Nova Ipixuna, também no sudeste paraense: o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, ativistas que denunciavam a ação ilegal de madeireiros, foi executado na terça-feira (24); no domingo (29), foi encontrado o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal.

Na sexta-feira (27), a vítima foi Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara --ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas morreram nas mãos de pistoleiros e PMs-- e também denunciava a atuação de madeireiros.

Ninguém foi preso pelos crimes ocorridos no Pará. Em Rondônia, o suspeito Ozias Vicente, que atuava na extração ilegal de madeira, foi detido na segunda-feira (30). A polícia investiga a participação de outras pessoas no crime.

Veja onde os camponeses foram mortos