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Garis são homenageados em aniversário de quatro anos de menino em Belo Horizonte

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

01/08/2011 12h58

Nada de super-heróis, astros de cinema ou personagens de games. A engenheira Delasávia de Barros, 34, disse ter feito um verdadeiro périplo por Belo Horizonte para tentar encontrar nas casas especializadas em decoração de festas infantis um tema que contemplasse o universo dos garis e catadores de lixo.

Tudo para atender a um desejo do filho, Petros de Barros, 4, o de que a festa do seu quarto aniversário, comemorado em 16 de julho, tivesse a decoração inspirada no ambiente de trabalho de garis e lixeiros.

Delasávia revelou ter ficado aflita porque nenhuma empresa especializada em festa infantis consultada quis confeccionar a decoração com o tema sugerido. Segundo ela, a alegação dada foi de o material não teria a menor chance de ser locado novamente.

“Eu não encontrava nada. Pesquisei na internet. Tivemos que ir buscando ideias alternativas e foi uma dificuldade muito grande porque precisamos fazer ou mandar fazer tudo”, afirmou a mãe, que disse ter tentado convencer o filho desistir da ideia, mas, no fim, rendeu-se ao desejo do menino.

“A ideia partiu dele, e não consegui convencê-lo a mudar de opinião de forma alguma. É uma paixão desde os dois anos e meio de idade. Eu pergunto o que ele quer ganhar de Natal, por exemplo, e a resposta é um caminhão de lixo”, disse a mãe, moradora do bairro São Lucas, região leste de Belo Horizonte.

No dia do aniversário, o pai, Rudá de Barros, 48, e o garoto foram fotografados com uniformes semelhantes aos que os garis usam diariamente. “Os convidados ficaram surpresos, ainda mais ao verem os dois vestidos como garis. E muita mãe me revelou que os filhos também são apaixonados pelos garis. Eu vi que isso é mais comum do que parece. Só que ninguém nunca teve a atitude de fazer.”

De acordo com a engenheira, a movimentação feita por garis e coletores de lixo fascina o filho. “Quando estamos na rua, de carro, temos que ir atrás do caminhão de lixo para ele ver a movimentação. Os garis têm uma alegria própria que acho ser o que ele mais gosta.”

Meias nas mãos para imitar luvas

Ela ainda disse que o menino imita o trabalho dos garis em casa. Ele espalha sacolas pela casa e as recolhe em seguida e deposita o material em uma cabana que foi transforma em um “caminhão de lixo”.

“Ele colocava meias nas mãos para imitar as luvas que os garis usam”, disse a engenheira. Segundo ela, o filho não vai abrir mão de comemorar do mesmo jeito o quinto aniversário.

Para o encarregado de serviços Carlos Alberto Rodrigues da Silva, 48, a homenagem feita pelo garoto emocionou a sua equipe. Silva coordena o trabalho de 64 garis.

“Tenho 31 anos de profissão e foi a primeira vez que vi isso. Achei muito legal o pai e o menino se vestirem de gari. Poucas pessoas dão valor à nossa profissão. É um reconhecimento. Todos os garis que trabalham comigo ficaram admirados. Eles gostaram muito e se sentiram homenageados e valorizados. Muito legal mesmo”, afirmou.