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Cão pescador vira "salvador da pátria" de fregueses no interior de São Paulo

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

13/02/2012 06h00

Um cachorro que vive em um pesqueiro de Presidente Venceslau (611 km de São Paulo) virou o “salvador da pátria” dos frequentadores com pouca sorte na pescaria. Para não deixar os clientes voltar para casa de mãos vazias, Thor, um labrador de 14 meses, faz ele próprio a pesca, e nunca falha.

Cão pescador vira herói no interior de São Paulo

O animal aprendeu a pescar com o dono, o comerciante Manoel Rodrigues Cação Neto, 53, proprietário do pesqueiro Mané Cação, que fica a 6 quilômetros do centro de Presidente Venceslau.

A aventura começa depois que Cação Neto lança, no meio da represa, uma linha de um metro de comprimento com um anzol numa extremidade e uma garrafa de plástico na outra, que faz o papel de uma boia.

Na margem, Thor acompanha tudo e não tira os olhos da armadilha, até que a garrafa se mexa. Quando isso acontece, o labrador salta na água, nada até a armadilha, morde a boia e puxa o peixe até o barranco.

De acordo com o dono, muitos de seus fregueses pescadores acabam virando alvo de brincadeiras dos colegas, porque precisam aceitar a ajuda do cão para garantir um peixe na mesa.

“Ele tira um pacu de até 3,5 quilos da água com uma linha de apenas um metro de comprimento. O peixe resiste muito. Quem é pescador sabe como isso é difícil. Aqui os pescadores usam linhas de 10 a 15 metros de comprimento para cansar o peixe e tirá-lo da água”, afirma.

Relação conturbada

Thor tem muito apego pelo dono, mas nem sempre a relação entre eles foi boa. O comerciante chegou a recusar o cachorro, que foi presente de um cunhado.

“Eu fiquei com ele, porque meus filhos insistiram muito. Mas cheguei a me arrepender depois, porque ele fazia muita bagunça. Hoje somos bons amigos.”

A habilidade de pescador do cachorro se desenvolveu porque o animal, segundo o dono, gosta muito de nadar. De acordo com Cação Neto, o cão entra, em média, dez vezes por dia na represa para se refrescar. “Foi por causa disso que eu tive a ideia de ensiná-lo.”

Segundo Cação Neto, passam entre 800 e mil pessoas por semana no pesqueiro, que funciona de terça a domingo. Entre os fãs do cachorro pescador estão principalmente as crianças, devido à docilidade do animal.