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Assaltantes que invadiram sítio de prefeito de Taubaté (SP) usavam coletes da Polícia Federal

Camila Saad

Do UOL, em Taubaté (SP)

23/02/2012 13h37Atualizada em 23/02/2012 20h09

O prefeito de Taubaté, Roberto Peixoto, e a primeira dama, Luciana Peixoto, afirmaram nesta quinta-feira (23) que os dois dos criminosos que assaltaram o sítio do casal em São Bento do Sapucaí (164 km de São Paulo) vestiam coletes da Polícia Federal. Um outro estava com uma roupa camuflada, parecida com a do Exército. Um dos assaltantes sabia que a casa pertencia ao prefeito e durante o assalto disse que Peixoto deveria ter dinheiro no local.

Roberto e Luciana foram vítimas de um assalto violento durante a noite desta quarta-feira (22). De acordo com a polícia, o sítio foi invadido por cinco homens encapuzados e armados por volta das 21h40. 

Luciana foi agredida com marteladas nos dedos das mãos e um soco na região do olho. Já Roberto levou socos no tórax e no rosto, além de choques elétricos com um aparelho. Ambos foram amordaçados e amarrados no interior do imóvel.

Peixoto afirmou ao UOL que um dos assaltantes fez roleta russa durante o assalto. “Ele fez roleta russa e chegou a atirar quatro vezes, só que a bala não saiu”, disse. “Foi uma tortura mesmo. Eles chegaram armados querendo dinheiro, mas acharam que o que eu tinha lá era pouco. Disseram que se eu não desse mais, iam me matar.” 

O grupo levou R$ 1.700 em dinheiro, jóias e um notebook. Os homens deixaram a residência por volta da meia-noite, mas o prefeito só conseguiu se soltar durante a madrugada da quinta-feira (23), quando chamou a polícia, por volta de 3h. 

“Eles mandaram a gente esperar 20 minutos antes de tomar qualquer atitude. Nós conseguimos arrastar a cadeira até a cozinha, eu peguei uma faca e nos soltei”, relata o prefeito.

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de o crime ter motivação política. No entanto, a principal linha de investigação segue a hipótese de crime contra o patrimônio. Ninguém foi preso até o momento.

“Eu não posso dizer que o crime teve motivação política, mas também não posso descartar. Vou aguardar o delegado fazer o trabalho dele. Eu não reconheci ninguém, mas eles sabiam que eu era prefeito de Taubaté”, disse Peixoto.

Histórico

Em junho de 2011, o prefeito e a primeira-dama ficaram presos por três dias durante a Operação Urupês, organizada pela Polícia Federal. A ação investigava fraudes em licitações relativas a compra e distribuição de medicamento e merenda escolar em Taubaté.

O inquérito foi entregue ao Ministério Público e o caso segue em segredo de justiça. Em janeiro de 2012, o Tribunal de Justiça bloqueou os bens do casal e de mais 16 pessoas e empresas envolvidas na investigação de fraude.

No último dia 15, a Câmara do município paulista negou a abertura de uma Comissão Processante contra Peixoto, que investigaria o repasse de verbas em 2010 e 2011 à empresa Home Care para a distribuição de medicamentos na cidade. Porém a empresa não presta serviços à administração municipal desde 2008. Dos 14 vereadores, cinco votaram contra a abertura da Comissão e a denúncia foi arquivada.