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Filho de Eike chora no primeiro encontro com parentes de ciclista atropelado

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

23/03/2012 14h38

O empresário Thor Batista, 20, participou nesta quinta-feira (22) de um encontro com parentes do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, morto após ser atropelado pelo filho do bilionário Eike Batista, no último sábado (17), na rodovia Washington Luís (BR-040), no Rio de Janeiro.

Durante o encontro com a mulher e a tia da vítima, que ocorreu no escritório de Thor, o jovem teria se emocionado, de acordo com o advogado que representa os familiares de Wanderson, Cléber Carvalho Rumbelsperberger. Segundo ele, as partes ainda não conversaram sobre uma futura indenização. "Foi uma oportunidade de conversar olho no olho, e isso é importante para chegarmos a um consenso no futuro. Houve uma emoção grande de ambas as partes", disse o advogado.

Rumbelsperberger compreende que a postura de Thor é um ponto que favorece a possibilidade de acordo. O advogado ainda aguarda o posicionamento dos familiares da vítima e os resultados finais das perícias realizadas no carro do filho de Eike para definir suas próximas movimentações.

Um pedido de indenização deve ser impetrado na Justiça, e há da parte de Thor uma predisposição a oferecer uma compensação financeira aos parentes de Wanderson.

"Lamento profundamente por tudo isso. Respeito a dor da família e sei que a perda de um ente querido é complicada. Mesmo convicto de minha inocência, vou prestar todo o auxílio necessário para a família do Wanderson e até o que for mais que o necessário", disse o filho de Eike após prestar depoimento na 61ª DP (Xerém), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

De acordo com o advogado Celso Vilardi, que defende os interesses do jovem empresário, cálculos baseados na renda mensal que a vítima possuía estão sendo feitos a fim de estabelecer o valor que deve ser pago em uma futura indenização. "Ainda não temos detalhes, mas estamos trabalhando para chegar a um valor justo", disse.

Outro atropelamento

Thor Batista já tinha atropelado no ano passado uma outra pessoa que estava andando de bicicleta na avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo o colunista do jornal "O Globo" Ancelmo Gois.

De acordo com o setor de investigação da 61ª DP (Xerém), porém, não há qualquer menção a acidentes anteriores na íntegra do depoimento que o filho de Eike Batista prestou na manhã da última quarta-feira (21).

Delegado acredita em culpa da vítima

O delegado Mário Arruda afirmou na quarta-feira (21) que as circunstâncias iniciais da investigação sobre o atropelamento e morte de Wanderson Pereira dos Santos indicam que a vítima estava "no meio da pista". O ciclista foi atingido pela Mercedes-Benz SLR McLaren conduzida pelo filho do bilionário e morreu no local.

A afirmação do delegado foi feita após o depoimento de Thor Batista, que durou mais de duas horas. Arruda, porém, não descarta a possibilidade de que os laudos periciais apontem a culpa do condutor.

"Nesses casos, costuma-se isentar o motorista da culpa, isto é, quando a culpa é exclusiva da vítima. Mas estamos esperando o laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) para aferir qual era a velocidade do carro do Thor", disse o delegado.

Ainda de acordo com Arruda, o carro foi periciado no local do acidente e passou por uma segunda perícia na casa do jovem. O laudo do ICCE deve ficar pronto daqui a 20 dias. A polícia avalia a possibilidade de uma terceira perícia. Momentos depois da colisão, o veículo foi liberado, o que foi criticado por especialistas ouvidos pelo UOL.

O filho de Eike estava em companhia de um amigo no dia do acidente. Após o atropelamento, eles foram a um posto da Polícia Rodoviária Federal próximo ao local do acidente e pediram socorro. Os dois foram submetidos ao teste do bafômetro, cujo resultado deu negativo, e foram liberados.

Uma pessoa que afirma ter visto o momento do acidente, porém, disse à BandNews que o ciclista foi atropelado no acostamento e que Thor, em alta velocidade, teria colidido com a vítima ao tentar ultrapassar um ônibus.

O advogado Cléber Carvalho Rumbelsperberger, que representa a família do ciclista, disse no início da semana ter testemunhas de que o ciclista trafegava no acostamento.

A defesa do empresário reafirmou que a vítima não foi atropelada no acostamento. "Quem em uma pista livre de estrada iria trafegar pelo acostamento? Essa é uma hipótese totalmente inviável", afirmou o defensor Celso Vilardi.