Rebelião em presídio de Aracaju foi comandada pelo PCC em São Paulo, diz coronel da PM
A liderança da rebelião no complexo penitenciário Advogado Antonio Jacinto Filho (Compajaf), em Aracaju, que durou pouco mais de 26 horas, foi comandada externamente pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) de um presídio em São Paulo. A informação foi dada pelo coronel da Polícia Militar de Sergipe, Maurício Yunes, que participou das negociações com os rebelados.
“A orientação vinha de fora, como quebrem, taquem fogo, intimidem, na verdade a orientação vinha de um dos presídios de São Paulo”, disse o coronel, ressaltando que as negociações foram dificultadas, justamente, por haver esta liderança externa, inclusive com a participação de pessoas que estavam no lado de fora do complexo misturados aos familiares dos detentos.
Os cerca de 400 presos chegaram a manter 120 reféns --sendo três agentes carcerários e o restante, familiares-- desde a tarde deste domingo (15). Ao longo da segunda-feira (16), parte das vítimas foi liberada.
O coronel explicou que os contatos entre os rebelados e o PCC foram feitos por meio de aparelhos celulares dos familiares que estavam guardados em uma sala dentro do presídio. “Como os objetos são recolhidos para que as pessoas possam entrar, no início da rebelião eles foram até lá e pegaram os celulares”, contou o oficial da PM.
Sobre o não bloqueio do sinal do aparelho celular durante a rebelião, já que no complexo existe um bloqueador, Yunes disse que os “líderes” chegaram até o teto do presídio onde existe a possibilidade de sinal e iniciaram os contatos. “Em determinados lugares conseguiam contato”, contou o coronel.
Durante a rebelião, os detentos estenderam faixas com as frases “PCC: 1533”. Segundo o coronel, a facção criminosa, na maioria das vezes, não está mais sendo identificada pela sigla, mas por números. Quanto a chance do setor de inteligência da Polícia Militar ter evitado a rebelião, o coronel informou que esse tipo de organização pode ser realizada durante as visitas, passadas dos familiares para os detentos.
Yunes apontou como os pontos mais tensos da negociação quando os detentos enrolaram um dos agentes prisionais em um colchão e ameaçaram matá-lo e no momento em que o Corpo de Bombeiros tentou debelar o incêndio na sala de cartório e os rebelados apontaram a arma para os agentes, que foram impedidos de apagar as chamas.
Ele relatou que o presídio está destruído em quase sua totalidade. “Não encontrei uma porta de ferro em pé”.
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