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"Ponte reciclável" vira atração turística temporária em açude de Campina Grande (PB)

Visitantes atravessam ponte construída com 8.000 garrafas PET em Campina Grande (PB) - Divulgação
Visitantes atravessam ponte construída com 8.000 garrafas PET em Campina Grande (PB) Imagem: Divulgação

Valéria Sinésio

Do UOL, em João Pessoa

19/05/2012 06h00

Uma ponte de 147 metros de extensão e construída quase inteiramente com garrafas PET (de plástico) mudou o cenário do Açude Velho, um dos principais cartões postais de Campina Grande (132 km de João Pessoa). Para construí-la foram necessárias 8.000 garrafas PET, arrecadadas por alunos de escolas públicas, por uma empresa de reciclagem de lixo e por catadores de lixo. O projeto foi uma iniciativa do Coletivo Mídias, grupo que realiza intervenções artísticas em espaços urbanos com o objetivo de resgatar a história local. Nesse caso, chamar a atenção da população para a necessidade de revitalização do Açude Velho.

Desde que foi inaugurada, no último dia 13, cerca de 300 pessoas atravessaram por ela diariamente, com supervisão do Corpo de Bombeiros. Ali não é permitida a passagem de crianças. Antes de ser aberta à visitação, a obra foi inspecionada pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da Paraíba (Crea-PB).

Turistas e estudantes de várias escolas de Campina Grande já visitaram a ponte. No local,  puderam conhecer um pouco da história do fundador da Casa de Caridade Jesus do Horto, Roldão Mangueira, líder religioso que acreditava no fim do mundo no dia 13 de maio de 1979. Integrantes do Coletivo Mídias fazem palestras e distribuem livrinhos de literatura de cordel contando a história de Roldão.

“Além de despertar a atenção para a importância da preservação, o projeto também tem o intuito de prestar uma homenagem a Roldão Mangueira e explicar ao povo de Campina um pouco de sua história”, afirmou o diretor teatral Nivaldo Rodrigues Filho, que participou ativamente do projeto junto com o artista plástico Jarrier Alves. Quem visita o Açude Velho é convidado a colaborar com o abaixo-assinado que pede a revitalização de suas águas, extremamente poluídas. O documento será entregue ao prefeito Veneziano Vital do Rego (PMDB).

A ponte será fechada neste domingo (20) e depois desmontada, mas o material empregado em sua construção não será descartado. “É importante lembrar que o projeto não termina nesse domingo”, disse Rodrigues. Todo o material será reutilizado. As garrafas PET, por exemplo, serão doadas aos catadores de material reciclável. “A intervenção tem forte apelo social, é uma proposta de vivência que queremos levar ao máximo de pessoas”, afirmou.

O Açude Velho recebe esgotos vindos de vários bairros de Campina Grande, e sua última limpeza, segundo os organizadores, foi realizada há mais de 40 anos. O projeto foi idealizado em 2007 e aprovado um ano depois. A concretização veio com o recebimento de R$ 40 mil, no ano passado, do Fundo de Incentivo à Cultura, do governo estadual.

A construção da ponte

Durante dois meses, sete pessoas trabalharam quase que initerruptamente na pré-montagem das peças em um atelier de Campina Grande. O artista plástico Jarrier Alves disse que a equipe não tinha horário para trabalhar. “Nesse período a dedicação foi total ao projeto. Trabalhamos nos finais de semana, feriado, madrugada, mas valeu a pena o esforço e o cansaço”, afirmou.

No atelier, atenção não faltou aos artistas, afinal, não se tratava de qualquer obra de arte. Após serem amarradas com fitas adesivas, as garrafas foram colocadas na estrutura feita de madeira e alumínio. Quando as peças enfim ficaram prontas, a equipe passou mais dois dias trabalhando na montagem da ponte sob as águas. “Essa foi a fase mais delicada do projeto, mas contamos com a inspeção do Corpo de Bombeiros e do Crea e, ao final, tudo deu certo”, comemorou.