Dois helipontos são interditados na zona sul do Rio; moradores reclamam do excesso de barulho
A Secretaria Estadual do Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizaram na manhã desta segunda-feira (28) uma ação conjunta para interditar dois helipontos da zona sul do Rio de Janeiro: o do mirante da favela Santa Marta, em Botafogo, e o do morro da Urca. Ambos permanecerão lacrados até que os seus responsáveis se adequem à legislação vigente.
Segundo o governo estadual, os dois helipontos não possuem um documento chamado "Licença de Operação" (LO), que deveria ser emitido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). A fiscalização foi intensificada depois de um protesto de moradores.
No início deste mês, cerca de 200 residentes dos bairros situados nas proximidades do Cristo Redentor promoveram um ato público no heliponto da Lagoa. Os manifestantes encaminharam ao Ministério Público um abaixo-assinado com mais de 2.000 assinaturas, através do qual reclamam do excesso de barulho na região, que é considerada a mais nobre da cidade.
A reivindicação ganhou o apoio do secretário do Ambiente, Carlos Minc, que se reuniu com o grupo de moradores da zona sul a fim de estudar a viabilidade de um projeto de redução da circulação de helicópteros na região.
Além da interdição dos helipontos que não possuem licença de operação, o governo está providenciando a instalação de quatro decibelímetros (equipamentos de medição sonora).
No total, quatro helipontos foram vistoriados pelos órgãos ambientais, que pretendem reorganizar a operação de voos turísticos de helicópteros nos diversos cartões postais da zona sul do Rio, em especial no entorno do Corcovado e do Pão de Açucar.
Um helicóptero a cada 2 minutos
Segundo a presidente da Associação de Moradores de Botafogo, Regina Chiarad, o grupo de manifestantes conseguiu calcular a quantidade de helicópteros sobrevoando a região aos fins de semana.
"A gente fez um levantamento e constatou que 1 helicóptero sobrevoa a região a cada dois minutos nos fins de semana. Ou seja, temos mais ou menos 250 voos de helicóptero apenas aos sábados e domingos. Inclusive durante a noite e madrugada", disse.
Transtorno
Nos fins de semana com sol, o barulho é tão alto que dá a impressão de que estamos na guerra do Vietnã
Cíntia Barcki, moradora do HumaitáDe acordo com o grupo, a média diária de helicópteros que circulam nesse trecho da zona sul chega a 125 durante a semana. Antes, não chegava a 50. O aumento é atribuído pelos manifestantes à expansão da atividade turística.
O movimento surgiu a partir da insatisfação da moradora Cíntia Barcki, que se mudou para um apartamento no Humaitá em janeiro de 2010. Desde então, ela luta para incluir a questão do excesso de helicópteros na pauta de debates das associações de moradores dos bairros da zona sul. "Comecei a conversar com vizinhos e com membros de outras associações", afirmou.
Segundo determinação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), os pilotos são obrigados a conduzir helicópteros com uma distância mínima de 120 metros em relação ao ponto geográfico mais alto. Não há regulamentação específica a respeito da quantidade de helicópteros circulando por um determinado local.
"Nos fins de semana com sol, o barulho é tão alto que dá a impressão de que estamos na guerra do Vietnã", disse Barcki, que foi obrigada a colocar uma vidraça dupla em seu apartamento por conta dos transtornos.
Os manifestantes não concordam com os comentários que classificam a movimento como "elitista". "Tanto não é que o pessoal da favela do Santa Marta está com a gente. Na verdade, eles sofrem mais do que a classe média. Toda vez que um helicóptero passa por ali, cai o sinal de TV deles", afirma Regina Chiarad. "Não é verdade essa história de que os únicos que reclamam são os moradores dos casarões do 'suvaco' do Cristo", finaliza.
*Com reportagem de Hanrrikson de Andrade, no Rio de Janeiro
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