Assessor acusado de sequestrar recém-nascido é suspeito de integrar esquema de venda de bebês

O assessor parlamentar Altair Ferreira dos Santos, acusado de ter sequestrado um recém-nascido no município de Saquarema, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, está sendo investigado por formação de quadrilha, já que há indícios de que ele e a mulher, Jéssica Paulino Marinho, teriam oferecido entre R$ 12 mil e R$ 30 mil para que outra mãe entregasse seu filho ao casal. Os dois foram presos em flagrante no domingo (8). Em depoimento prestado na tarde de domingo, o casal negou o crime.

Santos, que era funcionário do gabinete do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, o deputado estadual Paulo Melo (PMDB) --o assessor foi exonerado do cargo depois que o parlamentar tomou conhecimento da prisão--, é suspeito de integrar uma quadrilha especializada em sequestrar e comercializar bebês. O recém-nascido raptado pelo casal (que será registrado como Gustavo) tem apenas seis dias.

Segundo informações da delegacia de Saquarema (124ª DP), outras duas mães confirmaram à polícia terem recebido ofertas dessa natureza. Uma delas já prestou depoimento na condição de testemunha, o que dará origem a um novo inquérito para investigar a existência de um esquema de tráfico de bebês. O acusado nega a possibilidade de ser integrante da suposta quadrilha.

O titular da 124ª DP, Luciano Coelho dos Santos, ouviu na manhã desta segunda-feira (9) um funcionário do Hospital Municipal Nossa Senhora de Nazareth, em Bacaxá (distrito de Saquarema), que foi detido provisoriamente sob acusação de ajudar os integrantes da quadrilha a identificar potenciais vítimas --a unidade hospitalar é a mesma onde Gustavo nasceu. O conteúdo do depoimento não foi divulgado pela Polícia Civil.

O sequestro

Gustavo foi sequestrado na última sexta-feira (6) por dois homens armados, supostamente traficantes de drogas, segundo a polícia, quando estava nos braços da mãe na casa da família. Os suspeitos ainda estão sendo procurados pelos agentes da 124ª DP. O bebê foi resgatado no domingo (8) após denúncia anônima que levou os investigadores ao domicílio do casal Altair Ferreira dos Santos e Jéssica Paulino Marinho.

De acordo com a avó da criança, Patrícia Sabino, dois homens arrombaram a porta, e um outro dava cobertura do lado de fora do apartamento. Eles procuravam por um homem chamado Marcelo e cobravam o dinheiro de uma dívida. Patrícia e a mãe da criança, Gabriela Sabino Pereira, 18, disseram que não conheciam ninguém com esse nome e que não tinham dinheiro.

Diante da negativa, os homens trancaram as duas num dos cômodos do apartamento e fugiram, levando o bebê, que ainda não havia sido registrado. Patrícia não soube descrever os criminosos, porque eles usavam máscaras.

A polícia acredita que a ocorrência relatada pela avó do recém-nascido não passou de fingimento dos homens responsáveis pela invasão ao apartamento da família. Em depoimento, o ex-assessor parlamentar afirmou que o casal de criminosos receberia uma herança de R$ 500 mil do pai de Jéssica, 23, caso ela tivesse um filho (a jovem ainda estaria se recuperando de um aborto aos três meses de gestação).

O casal foi denunciada por um vizinho, que fez uma ligação anônima para o posto da Polícia Militar da cidade. "A informação repassada é de que uma jovem, que não estava grávida, apareceu com um bebê. Eles estavam sufocados, por causa das reportagens sobre o sequestro, e não tinham como sair de casa com a criança", afirmou o delegado da 124ª DP, Luciano Coelho dos Santos.

Exonerado

Altair Ferreira dos Santos, 49, foi administrador do hospital da cidade e atualmente era assessor do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo (PMDB), que confirmou o vínculo em nota divulgada na tarde de domingo (8).

Na nota, o parlamentar se disse “extremamente decepcionado com o ato que considera insano, covarde e brutal”, informou que a “exoneração imediata” do funcionário será publicada no Diário Oficial, e afirmou esperar que a Justiça atue com o rigor da lei. (Com Agência Estado)