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Polícia encerra buscas por corpo de engenheira desaparecida no Rio

Felipe Martins e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

13/07/2012 15h15Atualizada em 13/07/2012 16h58

As buscas pelo corpo da engenheira Patrícia Amieiro, desaparecida desde 14 de junho de 2008 no Rio, foram encerradas nesta sexta-feira (13) no sítio Vitória, no bairro do Itanhangá, na zona oeste da capital fluminense.

Ontem, os pais da jovem afirmaram que as roupas encontradas na quarta-feira (11) no sítio podem ser da engenheira. Agentes do Corpo de Bombeiros, Ministério Público e da Polícia Civil deixaram o local após quatro dias de buscas. Segundo as autoridades, toda a área foi vasculhada e, além das roupas, apenas ossadas de animais foram encontradas. As buscas foram realizadas depois de o Ministério Público do Estado receber uma denúncia anônima de que o corpo estaria no sítio.

O pai de Patrícia, Celso Franco, afirmou ontem que a mulher, Tânia Franco, achou muito parecida a roupa encontrada pela polícia com a que a jovem usava no dia do desaparecimento. “Chamou muito a atenção da minha esposa uma blusa meio roxa com vinho, muito parecida com a roupa que ela estava no dia. A calça também era muito parecida, mas estava muito enlameada”, disse.

Hoje, antes de uma audiência sobre o desaparecimento da jovem no Tribunal de Justiça do Rio, o pai de Patrícia confirmou a suspeita. "Sim, a gente tem certeza que as roupas são da Patrícia. Nós não tivemos como tocar nas roupas porque elas estavam engomadas de lama e barro. Mas a cor e a textura são muito parecidas. Observamos a existência de muitas roupas e calçados femininos lá no sítio. Pode ter certeza que há muitos pais chorando sem saber que os filhos estão lá", disse Celso. O material será periciado.

O irmão da vítima cobrou que as buscas continuassem. "A família quer mais investigação no sítio, agora que chegamos tão perto não podemos parar. Faço um  apelo para o governador [do Rio] Sérgio Cabral e para o secretário [de Segurança do Rio] José Mariano Beltrame para que a busca no sítio continue e para que as roupas sejam periciadas o mais rápido possível. O dono do sítio precisa ser preso. Se isso não acontecer, existe a possibilidade de ele voltar lá e eliminar alguma prova. Nós confiamos na Justiça, mas será que eles encerrariam a investigação se fosse o filho do governador ou do prefeito?”, afirmou Adriano Amieiro.

O promotor Felipe Soares Tavares Morais, da 1º Vara Criminal da Capital, afirmou: “Esgotamos tudo o que estava a nosso dispor para tentar encontrar aqui uma prova para o processo da Patrícia Amieiro e nós não logramos êxito. Novas notícias serão apuradas, mas as buscas estão encerradas neste local”.

O dono do sítio foi identificado. Ele se chama Juazieldo Pontes Miguel e está desaparecido desde que a polícia chegou ao local.  Ele foi processado por homicídio em 1985, mas foi absolvido. Segundo a denúncia recebida pelo MP, o sítio seria frequentado por policiais militares que supostamente teriam envolvimento com milícias. A 1ª Vara Criminal da capital expediu mandado de busca e apreensão --a pedido da Promotoria-- para que as buscas pudessem ser realizadas.

Durante os quatro dias de buscas, o sítio foi dividido em três setores. Os bombeiros faziam a primeira varredura com cães farejadores, logo depois trabalhavam as equipes da Secretaria de Conservação. Um aparelho rastreador, chamado de radar de solo, também foi utilizado na operação. Um total de 217 agentes da Polícia Civil, bombeiros e Ministério Público participaram das buscas.

Na manhã desta sexta-feira, os pais de Patrícia voltaram à Divisão de Homicídios (DH) para um novo reconhecimento das roupas encontradas no sítio. O trabalho foi feito com o apoio de psicólogos.

“A roupa é muito parecida com a que a minha filha estava naquele dia. Quando eu vi a blusa e a calça me deu um aperto no coração e na nuca. Quatro anos se passaram, mas parece que foi ontem”, declarou a mãe. 

Morte misteriosa

A engenheira foi vista pela última vez no dia 14 de junho de 2008. A jovem, que tinha 24 anos, estava voltando para casa –localizada na Barra da Tijuca– de carro depois de ir a uma festa no morro da Urca, na zona sul da cidade. O automóvel da vítima foi atingido por projéteis de arma de fogo em circunstâncias ainda não esclarecidas, e ela perdeu o controle do veículo. A polícia vasculhou o local atrás do corpo, mas não obteve sucesso nas buscas.

Quatro policiais militares são acusados de homicídio qualificado e ocultação do corpo. Os suspeitos são Marcos Paulo Nogueira Maranhão, Willian Luis do Nascimento, Fábio da Silveira Santana e Márcio de Oliveira Santos, todos lotados no 31º Batalhão de Polícia Militar (Barra da Tijuca). A família tem convicção de que Patrícia foi assassinada.

A 6ª Vara Cível Regional do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca) declarou em junho de 2011 a morte presumida da engenheira.