Rússia diz ter derrubado dois mísseis britânicos lançados pela Ucrânia

A Rússia afirmou ter abatido dois mísseis Storm Shadow, fabricados pelo Reino Unido e lançados pela Ucrânia dentro do território russo nesta quarta-feira (20).

O que aconteceu

Além de abater os Storm Shadow, seis foguetes HIMARS dos EUA e 67 veículos aéreos não tripulados foram derrubados. A informação foi veiculada pelo Ministério da Defesa da Rússia nesta quinta-feira (21) em seu relatório diário de atividades.

Até o momento, não há relatos de mortos e feridos. Fragmentos de um Storm Shadow foram encontrados, na quarta-feira, na aldeia de Marino Kursk, segundo a mídia russa.

O uso pela Ucrânia dos mísseis fornecidos pelo Reino Unido foi confirmado à Reuters por um oficial sob condição de anonimato. O ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, no entanto, se recusou a confirmar ou negar a utilização dessas armas britânicas durante uma entrevista coletiva na quarta.

Estamos usando todos os meios para defender nosso país, então não entraremos em detalhes. Mas estamos apenas mostrando que somos capazes de responder
Rustem Umerov

John Healey, secretário de defesa do Reino Unido, também se recusou a responder quando questionado sobre a aprovação dos mísseis. Apesar disso, relatou a um comitê no parlamento em Londres que o país está ''intensificando o apoio à Ucrânia e está determinado a redobrar esforços''.

Não vou me aprofundar nos detalhes operacionais do conflito. Isso coloca em risco a segurança operacional e, no final, o único que se beneficia de tal debate público é o presidente Putin. John Healey

O Storm Shadow, enviado pelo Reino Unido à Ucrânia, é um míssil que pode alcançar até 250 km e viajar próximo à velocidade do som. Até então, o Reino Unido e os Estados Unidos haviam permitido que Kiev usasse esse tipo de míssil contra a Rússia para se defender dentro do próprio território. A autorização para usá-los também em solo russo marca uma escalada no conflito.

Kiev já havia atacado uma base militar em Bryansk com mísseis americanos ATACMS, na terça-feira (19), após aval do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A permissão dos países que apoiam a Ucrânia para o uso de mísseis de longo alcance é uma resposta ao envio de tropas militares da Coreia do Norte para apoiar a Rússia no conflito.

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Ucrânia acusa Rússia de ter enviado pela primeira vez um míssil intercontinental contra Kiev. A informação foi divulgada pelo governo de Volodimir Zelensky, indicando que o míssil teria partido da região de Astrakhan, no sul da Rússia, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (21).

1000 dias de guerra

A invasão da Rússia à Ucrânia completou 1.000 dias nesta semana. Após rápidos avanços iniciais dos russos, os ucranianos conseguiram conter os agressores e fazê-los recuar, principalmente na fronteira norte. Também no sul, a Ucrânia conseguiu empurrar o Exército russo para o lado oriental do rio Dnipro, o maior do país.

No verão de 2024, Kiev chegou a lançar ataques bem-sucedidos em território russo, na região de Kursk. Nessas ações, os militares ucranianos foram, em parte, apoiados por grupos paramilitares.

Porém, a maioria do leste da Ucrânia - como Luhansk, Donetsk, Zaporizhia e Kherson - permanece sob controle russo. Além disso, Moscou manteve a anexação da península da Crimeia, ocupada em março de 2014. De modo geral, o front de guerra quase não se modificou nos últimos dois anos, sinalizando que esta está se tornando cada vez mais uma guerra de exaustão.

Volodymyr Zelensky disse na semana passada que a Ucrânia deve fazer o possível para encerrar a guerra no próximo ano por meios diplomáticos. No entanto, ele rejeitou enfaticamente qualquer discussão sobre um cessar-fogo antes de garantias de segurança adequadas serem fornecidas à Ucrânia.

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Números do conflito

Em setembro, o Wall Street Journal estimou que cerca de 1 milhão de ucranianos e russos foram mortos ou feridos na guerra. A maioria dos mortos seria formada por soldados de ambos os lados, seguidos por civis ucranianos.

O governo da Ucrânia divulgou, em junho, que 12 mil civis morreram no conflito, sendo 551 crianças.

Com mais de 10 milhões de pessoas obrigadas a deixarem seus lares, a guerra desencadeou uma das maiores crises de refugiados do mundo. Até o momento, cerca de 6,7 milhões de refugiados ucranianos encontraram abrigo em países europeus. Cerca de 400 mil chegaram a esses países somente no primeiro semestre deste ano.

Dentro da Ucrânia, outros 4 milhões estão em fuga. Desde agosto, 170 mil deixaram suas casas no leste do país. "Inúmeras crianças estão continuando seus estudos online e perdendo a interação social e as experiências em sala de aula", disse a vice-alta comissária do Acnur (agência da ONU para refugiados), Kelly T. Clements.

* Com informações da Reuters

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