Abiec: discurso do Carrefour de não comprar carne é contraditório e protecionista

São Paulo, 21 - A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) lamentou, em nota, a declaração da quarta-feira, 20, do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, na rede social X. Bompard divulgou comunicado no qual afirma que a varejista se compromete a não vender carnes do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer. Segundo a Abiec, "tal posicionamento vai contra os princípios do livre mercado e é contraditório, vindo de uma empresa que opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente com carnes brasileiras, reconhecidas mundialmente por qualidade e segurança"."Ao adotar um discurso protecionista em defesa dos produtores franceses, o Carrefour fragiliza seu próprio negócio e expõe o mercado europeu a riscos de abastecimento, já que a produção local não supre a demanda interna", continuou a Abiec.Conforme a associação, "o Brasil é líder global em exportação de carne bovina, com o maior rebanho comercial do mundo, produção sustentável e rigorosos controles sanitários que garantem qualidade para mais de 160 países. Nos últimos 30 anos, a pecuária brasileira aumentou sua produtividade em 172%, reduzindo a área de pastagem em 16%, demonstrando compromisso com eficiência e sustentabilidade".A Abiec destacou que "a visão protecionista do Sr. Bompard coloca em risco a estabilidade de um mercado global interdependente. Em 2023, o Brasil respondeu por 27% das importações de carne bovina da União Europeia fora do bloco, enquanto o Mercosul, somado, alcançou mais de 55%. Essa parceria, que há décadas atende aos padrões europeus, reafirma o potencial de cooperação entre as nações"."Decisões como essa não prejudicam apenas o Brasil, mas também a França, que depende de diversas commodities brasileiras. Em um mundo de desafios crescentes para a segurança alimentar global, o diálogo e a cooperação são mais urgentes do que nunca", conclui a Abiec na nota.