Moradores de São José do Rio Preto (SP) protestam contra cercas que isolam capivaras

A instalação de cercas em volta de duas das três represas municipais de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo) para evitar que capivaras pastem nas margens ou invadam ruas próximas, provocou protestos em redes sociais.

O biólogo Marcos Bernardino, 28, que integra o grupo Vergonha Rio Preto, afirma que o problema não é o isolamento, mas o fato de as cercas estarem sendo postas muito perto da margem dos lagos, o que tira espaço para os animais se alimentarem.

“Deveriam deixar mais espaço. Há locais em que a distância entre a margem do lago e a barreira é de apenas 1,5 metro. Quando chegar a seca esses animais não vão ter como se alimentar”, afirma.

A mesma opinião tem o contabilista Roberto Prota, 50. De acordo com ele, as cercas são bem-vindas, mas deveria haver uma distância maior entre elas e a margem dos lagos. “É um absurdo o que estão fazendo. Deveriam colocar a cerca perto da pista de caminhadas, o que garantiria uma boa área para os animais.”

A prefeitura afirma que a cerca foi colocada próxima às margens “exatamente para reduzir o espaço de pastagens e forçar os animais a subir o rio. O objetivo é fazer com que se diminuam os grupos que habitam o Parque da Represa e controlar a população [de capivaras] que vive no entorno dos lagos”.

'Ficou muito feio'

Para o zoólogo Arif Cais, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), a estratégia da prefeitura não vai dar certo. “Elas não vão subir o rio e vão continuar procriando normalmente. O que deveria ser feito é um manejo das capivaras, precedido de um estudo apresentado ao Ibama. Ali não é um local adequado para elas. É área urbana e há sempre o risco de transmissão da febre maculosa”, disse.

Cais também criticou a instalação das cercas. “Ficou muito feio. Vai faltar espaço para as capivaras se alimentarem e tomarem sol. A visão bonita do lago, da paisagem, ficou alterada”, afirma.

Segundo a Prefeitura de Rio Preto, as obras vão custar R$ 336 mil e estão previstas para acabar em 60 dias. Serão 4.199 metros de cerca, com um metro de altura e malha de 10 cm x 10 cm. Serão instalados também oito portões, que permanecerão fechados com cadeado.
De acordo com a prefeitura, existem aproximadamente 150 capivaras no Parque da Represa. Nunca foi registrado nenhum caso de febre maculosa devido à presença dos animais.