Após 14 anos de agressões à mulher, pai esfaqueia menino que tentava defender a mãe no RS
Um menino de seis anos foi esfaqueado nas costas pelo próprio pai ao tentar proteger sua mãe. A agressão ocorreu no início da madrugada desta quarta-feira (26), na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul (150 km de Porto Alegre), no Vale do Rio Pardo. O agressor, um homem de 38 anos, ameaçava a mulher de morte quando acabou atingindo o filho, que foi hospitalizado. O casal tem um histórico de agressões desde 1998, quando a primeira das 18 ocorrências do tipo foi registrada na Polícia Civil.
Durante uma discussão na frente dos filhos - um de seis e outro de 12 anos - em uma casa humilde na zona sul da cidade, o homem ameaçou a mulher de morte. Ele foi à cozinha, pegou uma faca de churrasco e partiu para cima dela. Nesse momento, o filho menor colocou seu corpo entre os dois e acabou atingido. A faca perfurou o tórax da criança, mas não atingiu nenhum órgão vital. Ele foi internado no Hospital Santa Cruz e deve receber alta na quinta-feira (27).
Ao receber, no início da madrugada, a criança ferida, a instituição informou a Brigada Militar sobre o caso. Os pais foram encaminhados à Polícia Civil, que, ao confrontar os dois sobre o ocorrido, descobriu a verdade sobre a agressão. Até então, o homem afirmava que havia ocorrido um acidente.
No sistema informatizado das polícias há o registro de 18 ocorrências desde 1998, todas por ameaças e agressões. "Em um dos episódios, o marido agrediu outro filho, adolescente na época, por ele ter tentado defender a mãe durante uma briga do casal", afirma a titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Santa Cruz do Sul, Lisandra de Castro de Carvalho.
O homem que esfaqueou o filho, um mecânico com problemas de alcoolismo, foi detido e deve ter sua prisão preventiva expedida pela Justiça nas próximas horas. Ele deve ser indiciado por tentativa de homicídio. O menino ainda não foi ouvido pela polícia. Ele será recebido pela delegada depois que receber alta, para reconstituir a cena da agressão.
Por se tratar de um caso envolvendo menores de idade, os nomes dos envolvidos não foram divulgados para proteger a integridade das crianças.
Ciclo de violência
A última ocorrência foi registrada em 2007. Na época, a mulher solicitou medidas protetivas, que foram encaminhadas à Justiça e resultaram em uma audiência, na qual ela não aceitou as propostas de acordo.
"Mais tarde, ela voltou a conviver com o agressor", conta a delegada. Segundo ela, é comum esse tipo de reconciliação sem o amparo das instituições e que acaba colocando a mulher e os filhos novamente em uma situação de risco.
"É o que chamamos de ciclo da violência. Existe a primeira fase, que é a da discussão, a segunda, que é a da agressão, e a última, a da lua de mel, quando o agressor pede perdão, diz que vai mudar e acaba sendo aceito." Mas, em grande parte dos casos, ressalta Lisandra, se o agressor não for tratado e acompanhado, ele voltará a cometer a violência.
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