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Vítimas da ditadura recebem homenagens em cemitério paulista

Fernanda Cruz

Da Agência Brasil, em São Paulo

02/11/2012 14h19

Mortos e desaparecidos durante o período da ditadura militar na capital paulista foram homenageados nesta sexta-feira (2), Dia de Finados. Um ato ecumênico foi celebrado no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste, onde as vítimas da repressão teriam sido deixadas de forma clandestina em valas comuns.  

Parentes e amigos deram depoimentos e depositaram flores sobre um dos locais onde os corpos podem ter sido enterrados. “Estou muito emocionada porque aqui embaixo dos nossos pés estão muitos companheiros, entre eles o meu irmão”, disse Denise Crispim, irmã de Joelson Crispim, um dos mortos da ditadura.

Outro parente que deu seu depoimento foi Gregório Gomes da Silva, filho de Virgílio Gomes da Silva. “Hoje, Dia de Finados, estamos os vivos aqui rendendo homenagens aos nossos mortos, desaparecidos. Muitos provavelmente estão nesse mesmo solo que estamos pisando, um pouco esquecidos”, disse.

O ato recebeu apoio da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, que investiga os crimes cometidos por agentes de Estado durante a ditadura militar. Além do Cemitério de Vila Formosa, outros dois cemitérios da capital paulista, em Perus (zona oeste) e em Parelheiros (zona sul), podem ter recebido corpos de vítimas da ditadura.

“Esperamos que a Comissão da Verdade realmente investigue esses casos, busque esclarecimentos de quem sequestrou, de quem torturou, de quem matou e [para] onde foram os restos mortais, quem os ocultou. E responsabilizar todos os agentes do Estado que fizeram essa brutalidade”, destacou Amelinha Teles, que atua na Comissão Estadual da Verdade.

Dimas Dias de Oliveira, irmão de Isis Dias de Oliveira, outra vítima da ditadura que pode ter sido deixada no Cemitério de Vila Formosa, espera que a Comissão traga esclarecimentos. “Tenho grande esperança de que finalmente a verdade sobre a minha irmã, não a verdade oficial, mas o paradeiro, seja finalmente conhecido. O que nós queremos é que a verdade seja oficializada”, disse.

Durante a cerimônia, também receberam homenagens os mortos pela ditadura Antonio Raymundo Lucena, José Maria Ferreira Araújo, Antônio dos Três Reis de Oliveira e Alceri Maria Gomes da Silva.