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Menina baleada demorou oito horas para ser operada no Rio; hospital diz que médico faltou

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

25/12/2012 11h33Atualizada em 25/12/2012 17h29

Uma garota de 10 anos, baleada na cabeça quando comemorava em casa a noite de Natal, demorou oito horas para ser operada no Hospital Salgado Filho, zona norte do Rio de Janeiro, porque o neurocirurgião que estava escalado para o plantão noturno faltou ao trabalho.

A.S.V. foi operada apenas na manhã desta terça-feira (25). A cirurgia durou cerca de quatro horas e meia e terminou por volta de 13h30. O estado de saúde da criança é grave, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

A direção do Hospital Salgado Filho, no Méier, informou nesta terça-feira (25), por meio de nota, que um inquérito administrativo será instaurado para apurar os motivos que levaram o neurocirurgião a faltar. 

Familiares da garota acusam o hospital de negligência. Segundo eles, a menina esperou cerca de oito horas para passar pela cirurgia. "Estamos desesperados. Minha mulher [está] passando mal. Está todo mundo [os familiares] nervoso, já brigamos para sermos atendidos, mas até agora nada", disse o pai da menina, Marco Antônio Vieira, que chegou a desmaiar. "Não tem médico para atender a minha filha, isso é um absurdo."

Em nota, a secretaria informou que "lamenta e repudia o comportamento do profissional e aplicará punição ao médico." Ainda conforme a nota, 18 médicos neurocirurgiões estão escalados para o plantão de Natal “nas quatro grandes emergências da cidade”.

Na escala divulgada pela secretaria, consta o nome do neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves como plantonista no Salgado Filho no horário noturno do dia 24 e madrugada do dia 25. O telejornal "RJTV", da TV Globo, entrou em contato com o médico, que afirmou que já havia pedido demissão da unidade de saúde e por isso não compareceu ao plantão.

A direção do hospital informou que o pedido de demissão não foi formalizado e que, portanto, não tomou conhecimento.

Revoltados, os familiares tentaram invadir durante a manhã a área de atendimento do Hospital Salgado Filho, mas seguranças do local agiram para impedir a entrada dos parentes.

De acordo com a família, a menina havia acabado de receber o presente de Natal quando foi ferida uma bala que teria sido disparada por traficantes dos morros de Urubu e Urubuzinho.