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Moradores do Rio enfrentam "neve vulcânica" supostamente originada por erupção no Chile

Fuligem branca atingiu bairros do centro e da zona sul do Rio, tais como Copacabana e Flamengo - Leo Martins / Agencia O Globo
Fuligem branca atingiu bairros do centro e da zona sul do Rio, tais como Copacabana e Flamengo Imagem: Leo Martins / Agencia O Globo

Do UOL, no Rio

28/12/2012 12h21

A erupção do vulcão chileno Copahue é apontada como possível causa da fuligem branca que caiu sobre o Rio de Janeiro na última terça-feira (25), durante o feriado de Natal. A aproximação de duas nuvens de cinzas vulcânicas, das quais uma se dissipou pela costa brasileira, foi registrada pelo satélite geoestacionário METEOSAT.

De acordo com as imagens, uma parte da pluma de dióxido de enxofre expelida pelo vulcão --que entrou em erupção pela primeira vez no século 21-- seguiu em direção à região Sudeste, atingindo ainda as faixas litorâneas de São Paulo e do Espírito Santo.

Na capital fluminense, o fenômeno foi observado em bairros da zona sul, tais como Copacabana, Flamengo, Glória e Leblon, e do centro, entre outros. Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a origem do material ainda não foi confirmada. Relatos de moradores indicam que a fuligem se assemelhava a flocos de neve.

Equipes que atuam em casos de emergência ambiental foram mobilizadas para investigar o fenômeno, porém ainda não houve avanço. Inicialmente, as autoridades cogitaram a possibilidade de que um incêndio na Baixada Fluminense poderia ter gerado a fuligem. A hipótese, porém, já foi descartada.

Na terça-feira (25), o Centro de Operações da Prefeitura do Rio também informou não ter verificado qualquer ocorrência que pudesse explicar o fenômeno da fuligem branca. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, responsável pelo programa MonitorAR Rio, afirmou não ter detectado anormalidades na qualidade do ar na capital fluminense.

Redução do nível de alerta

O ministro de Mineração do Chile, Hernán de Solminihac, afirmou na segunda-feira (24) que o governo optou por suspender o alerta vermelho nas imediações do vulcão Copahue, na fronteira com a Argentina.

De acordo com o último relatório do Bureau Nacional de Emergência (Onemi), o Serviço Nacional de Geologia e Mineração "determinou a redução do nível de alerta de vermelho para laranja", mas recomendou "especial atenção em um raio de 5 Km em torno da cratera ativa e das margens dos rios que nascem no vulcão".

"O processo eruptivo do vulcão Copahue continua com uma intensidade menor. De igual maneira, se infere a presença de um 'corpo magmático pequeno'. Não se reportou a ocorrência de 'lahares' (avalanches) por nenhum dos rios que nascem no vulcão, nem fluxo de água com lava".

O diretor do Onemi, Ricardo Toro, explicou que "esta mudança de alerta implica na manutenção do monitoramento técnico do vulcão Copahue e na aplicação dos Planos Comunitários de Emergência".

A erupção do Copahue teve início no último sábado (22), e expeliu uma grande coluna de cinzas e material piroclástico a mais de 1.500 metros de altitude.

O Copahue é um vulcão do tipo estrato, composto por nove crateras dispostas ao longo de uma linha com dois quilômetros de extensão. No interior da cratera oriental, existe um lago ácido e salgado de 300 metros de largura, chamado "El Agrio". A montanha está situada a quase três mil metros de altitude.

O vulcão Copahue entrou em erupção apenas seis vezes durante o período holoceno, isto é, nos últimos 11.5 mil anos, sendo a última vez em 2000. Na ocasião, a erupção esvaziou o lago ácido da cratera, mas houve reposição na última década.