Interdição de viaduto no centro de SP complica trânsito e faz motoristas darem mais voltas
A proibição da circulação de veículos pelo viaduto Engenheiro Orlando Murgel, que faz a ligação das avenidas Rio Branco e Rudge, na região central de São Paulo, piorou a vida dos motoristas que circulam pelas avenidas e ruas do entorno. Apenas ônibus e táxis com passageiros podem atravessar a ponte das 5h às 22h. Depois desse horário, o viaduto volta a ser liberado para veículos.
A interdição começou nesta segunda-feira (4), mas, desde setembro, eram os ônibus que estavam proibidos de circular pela ponte enquanto ela passava por reformas. No período, a estrutura foi atingida pelo incêndio na favela do Moinho, que fica embaixo do viaduto.
Segundo a CET, a proibição da circulação de carros privilegia o transporte público.
Segundo a Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana), a obra deve ser concluída até o fim de março. A velocidade máxima permitida no viaduto é 40 km/h, o que faz os ônibus se encavalarem nos horário de pico.
Para desviar da interdição, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) alterou o sentido de algumas vias, transferindo o trânsito da região principalmente para as avenidas São João e Duque de Caxias, no centro, e para as ruas Sólon e Anhaia, no Bom Retiro.
Motoristas que passam diariamente pelo local reclamam que, além do trânsito ter piorado muito na região, o tempo de chegada aos seus destinos também aumentou bastante.
Na manhã desta quinta-feira (7), a reportagem do UOL flagrou o trânsito bastante carregado na região.
Alternativas ao Orlando Murgel
A dentista Márcia Malimpensa, 39, que antes gastava 40 minutos do Bom Retiro até seu consultório na Santa Cecília, depois da interdição gasta até uma hora e 20 minutos para chegar até lá. “O trânsito está péssimo. Agora perco muito tempo para chegar ao trabalho.”, diz.
A analista de qualidade Paula Braga, 24, também reclama do tempo gasto no trânsito nas ruas do entorno do viaduto. “Com o desvio aumentou de 20 a 25 minutos [o tempo no trânsito] e há dias ainda piores. De um lado a outro da Brás Leme, eu gastei uma hora e dez minutos para andar 6 km”, reclama.
Volta às aulas e muitas voltas
A data da interdição coincidiu com a semana de volta às aulas de muitas escolas da capital, período que normalmente o trânsito fica mais intenso na cidade. Para alguns motoristas, como Vilson Araújo, 29, a escolha da CET contribuiu para o aumento do tráfego.
“Posso dizer que o trânsito ficou uns 30% pior porque está travando desde a marginal [Tietê]. E como eles inventam de fazer isso bem na volta às aulas?”, questiona.
Para o motorista Henrique Trancoso, 35, os caminhos alternativos o fazem dar "muitas voltas" para chegar a um destino muito próximo. Morador da Casa Verde, na zona norte, ele disse que costumava chegar em dez minutos ao centro pela rua Anhaia. Com a interdição, demora pelo menos 40 minutos.
“[A interdição] está atrapalhando todo mundo da região”, disse.
Trânsito afeta comércio
Moradores e comerciantes da região central também observam o aumento da circulação de carros na região e reclamam que o trânsito desde então permanece carregado ao longo do dia, não somente nos horários de pico. A proibição de estacionar na rua Anhaia das 6h às 20h, de segunda a sexta, e das 6h às 15h no sábado ainda prejudica o descarregamento de mercadorias.
Para Adalberto de Oliveira Mineiro Filho, 18, vendedor de rodas esportivas na rua Anhaia, o trânsito ficou muito mais complicado desde a interdição da ponte. “Não tinha esse trânsito todo neste horário [por volta das 10h]. Mas, como aqui virou corta caminho, agora fica assim das 6h até as 16h pelo menos. Como não pode mais estacionar na rua, perdemos esse espaço para trabalhar. Ficou difícil”, disse.
Kayan Menegazzo, 22, que trabalha em uma loja de revestimentos na mesma rua também reclama do aumento do fluxo de carros na região. “Agora passa o dia todo assim [com trânsito]. Antes era só de manhã.”
Maria Aparecida Lima, 49, moradora do Bom Retiro, também notou o aumento do trânsito no bairro e reclamou que a interdição alterou o itinerário dos ônibus na região. Segundo a auxiliar de biblioteca, os ônibus Correio e Paissandu pararam de passar pela rua Sólon e agora quem precisar utilizá-los terá que andar até a avenida Rudge (1,3 km do local).
“Acho que essa mudança de rota aumentou mesmo o fluxo de carros. Mas quem precisa dos ônibus ficou deslocado”, disse.
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