Operação "tartaruga" de ônibus gera trânsito e brigas em Porto Alegre
Os rodoviários de Porto Alegre (RS) deflagraram às 7h desta terça-feira (19) uma operação "tartaruga" em protesto para pedir um novo índice de reajuste nos salários e a redução da carga horária. Os motoristas estão conduzindo os coletivos a 20 quilômetros por hora nos corredores de ônibus da cidade.
As filas já provocam congestionamentos na zona norte, na zona leste e na zona central da capital gaúcha. Veículos que vêm de cidades da região metropolitana também já encontram dificuldade para ingressar em Porto Alegre.
Em alguns cruzamentos, as filas de ônibus bloquearam o tráfego de avenidas importantes e fizeram com que muitos passageiros se deslocassem a pé para seus destinos.
As paradas também estavam lotadas no início da manhã, devido ao atraso nas viagens. Alguns condutores de veículos particulares usaram a contramão para fugir dos congestionamentos.
A demora fez com que passageiros de uma linha entre o bairro Restinga, na zona leste, e o centro tentassem descer do coletivo fora do ponto. Eles, porém, foram impedidos pelo motorista. Houve discussão, e o veículo teve duas janelas de emergência quebradas. Ninguém ficou ferido.
O ônibus depredado foi abordado por agentes de trânsito na avenida João Pessoa, nas proximidades da avenida Venâncio Aires, e retirado de circulação.
O protesto dos rodoviários não tem apoio do sindicato dos rodoviários, que negociou um aumento salarial de 7,5% com as empresas de ônibus. O acordo foi aprovado numa assembleia realizada no dia 22 de janeiro e que acabou em tumulto.
Na semana passada, as empresas protocolaram pedido de reajuste nas tarifas de 14,8% junto à EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação). Se aprovado, a valor da tarifa passa dos atuais R$ 2,85 para R$ 3,30.
A EPTC advertiu que as empresas que não cumprirem seus horários nesta manhã serão multadas. Há fiscais extras nas avenidas radiais e nos corredores de ônibus. Segundo o presidente Vanderlei Capelari, são 70 agentes a mais, além dos 250 que normalmente monitoram o trânsito de Porto Alegre.
A operação tartaruga tem apoio de centrais sindicais e de movimentos sociais do estado. Na noite desta segunda-feira (18), cerca de 300 pessoas protestaram em frente à prefeitura de Porto Alegre contra o índice de reajuste pedido pelas empresas. Não houve tumulto.
Tabela de custos
Novas ações pontuais dos rodoviários estão previstas para ocorrer durante a terça-feira. Os motoristas já avisaram que haverá novos bloqueios de vias às 16h e às 19h – horário de fluxo mais intenso na capital, segundo a EPTC.
A empresa informou que só irá definir o índice de aumento das passagens na capital após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) definir se a tabela de custos das empresas, utilizada desde 1987, apresenta distorções ou não. O conselheiro Iradir Pietroski disse que não tem data para se manifestar.
O TCE investiga possíveis irregularidades cometidas durante o processo de reajuste de 2012, quando a tarifa única de Porto Alegre subiu de R$ 2,70 para R$ 2,85. A metodologia de cálculo incluiu a frota de reserva das empresas no índice de reajuste, o que foi considerado “abusivo” pelo Ministério Público de Contas porque esses veículos não circulam diariamente.
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