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Justiça decreta prisão preventiva de envolvidos no incêndio de Santa Maria (RS)

Thiago Varella

Do UOL, em Santa Maria (RS)

01/03/2013 12h52

O juiz Ulysses Louzada, da primeira vara criminal de Santa Maria (RS), decretou nesta sexta-feira (1º) a prisão preventiva dos sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffman, e dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha e Marcelo de Jesus dos Santos.

AS FASES DA INVESTIGAÇÃO

Coleta de provas
A polícia fez a maior parte da coleta no próprio dia do incêndio, mas não descarta voltar ao local em busca de outras evidências se necessário para dirimir dúvidas
Depoimentos
Além dos músicos da banda Gurizada Fandangueira, clientes, funcionários e os donos da casa noturna seguem sendo ouvidos na delegacia
Prisões
Quatro pessoas estão presas: dois músicos da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate, e os sócios do estabelecimento, Elissandro Callegari Spohr e Mauro Hoffmann
Exame de documentação
Polícia vai revisar alvará de funcionamento e o plano de prevenção de incêndio da boate Kiss
Perícia
O trabalho dos peritos foi iniciado no dia do acidente e só será concluído com a divulgação dos laudos técnicos. Pode ser concluída em 30, 60 ou 90 dias, segundo a polícia

Os quatro estão detidos na penitenciária estadual de Santa Maria por participação no incêndio que matou 239 pessoas, no dia 27 de janeiro.

O juiz aceitou as justificativas dadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público para decretar a prisão preventiva. Para Louzada, a medida é fundamental para a garantia da ordem pública. "Venho desde ontem analisando o pedido e vi que se justificava. O fato teve repercussão mundial. O mundo todo chorou com Santa Maria. Isso não pode ser descartado", afirmou.

O magistrado disse ainda que a prisão preventiva não significa, porém, que os quatro sejam culpados ou responsáveis pela tragédia.  

Com a decisão da Justiça, a polícia ganha mais dez dias para concluir o inquérito sobre o incêndio. Na quinta-feira (29), o delegado Marcelo Arigony --responsável pelas investigações-- afirmou que o tempo pode não ser o suficiente para finalizar o inquérito.

"Este período talvez não seja suficiente, mas é um tempo bastante razoável. Estamos tomando cerca de dez depoimentos por dia, talvez já tenhamos as perícias do IGP durante este prazo", disse.

O outro lado

Na quarta-feira (27), o advogado Jader Marques, que representa Elissandro Spohr, afirmou ao UOL que já aguardava o pedido de prisão preventiva.

"A prisão preventiva já poderia ter sido pedida no início. Se é cabível hoje, também era lá atrás. O próprio Kiko se ofereceu para ficar preso por mais 30 dias até o fim das investigações, mas a polícia quer trabalhar sem prazo", disse.

Após os dez dias, os delegados decidirão se tentarão outra medida para conseguir prorrogar ainda mais o prazo.