Justiça liberta médica acusada de homicídios em UTI em Curitiba
A médica intensivista Virginia Helena Soares de Souza deixou a carceragem do Centro de Triagem 1, em Curitiba, por volta das 16h15 desta quarta-feira (20), por determinação da Justiça, após ficar detida por 30 dias. O juiz Daniel Surdi de Avelar, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, acatou pedido de liberdade feito pela defesa dela.
Virginia foi denunciada pelo MPE (Ministério Público Estadual) por sete homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha. Segundo a polícia, ela e outros profissionais são suspeitos de “antecipar óbitos” na UTI (unidade de terapia intensiva) do Hospital Evangélico, segundo maior de Curitiba.
Os médicos Anderson de Freitas, Edison Anselmo da Silva Junior e Maria Israela Cortez Boccato e a enfermeira Laís da Rosa Groff, que também foram presos no decorrer das investigações, já haviam sido libertados na semana passada.
Por meio de assessores, o advogado de Virginia, Elias Mattar Assad, informou que irá “mobilizar os meios científicos e promover todas as medidas previstas em lei junto ao Poder Judiciário, inclusive para o trancamento da ação penal por carência de justa causa".
O caso
“Investigamos a antecipação de mortes dentro da UTI geral. Não falamos em eutanásia. Para nós, trata-se de homicídios”, afirmou, no dia seguinte, a delegada Paula Brisola. Segundo ela, Virginia, que dirigia a UTI geral desde 2006, seria indiciada por homicídio qualificado.
No último dia 11, ao oferecer denúncia contra quatro médicos, três enfermeiros e um fisioterapeuta, o MPE disse que eles “prescreviam medicamentos bloqueadores neuromusculares normalmente empregados em medicina intensiva para otimização de ventilação artificial, conjugados com fármacos anestésicos, sedativos e analgésicos, procedendo-se [a seguir] ao rebaixamento nos parâmetros respiratórios dos pacientes-vítimas então dependentes de ventilação mecânica, fazendo-os morrer por asfixia”.
Mais mortes
"Em todos, há registro da aplicação de Pavulon [um medicamento que age como bloqueador neuromuscular], sem justificativa médica, seguido de morte. Mediante um pedido de autorização penal de retirada da ação, esses prontuários darão origem a um novo inquérito", informou o promotor Marco Antonio Teixeira, coordenador do Centro Operacional das Promotorias de Justiça da Saúde Pública do MPE.
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