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Casos de estupro crescem 35% em São Paulo e sobem pelo 12º mês seguido

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

25/03/2013 12h28Atualizada em 25/03/2013 18h29

Os casos de estupro na cidade de São Paulo cresceram pelo 12º mês seguido, segundo números divulgados nesta segunda-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Em fevereiro deste ano, foram 287 registros --cerca de 35% a mais que os 213 casos anotados no mesmo mês de 2012.

Além da capital, também o Estado teve aumento desse tipo de crime. Em fevereiro deste ano, foram 1.057 estupros contra 1.031 registrados no mesmo mês de 2012 (alta de 3%). Essa foi a 14ª alta seguida.

Para o sociólogo Antonio Flávio Testa, da UnB (Universidade de Brasília),o aumento de casos de estupro no Estado e na cidade de São Paulo pode ser sintoma de problemas sociais graves, como alcoolismo e violência doméstica, mas nem sempre refletem o número real.

“Há estupros dentro de presídios no sentido de se desconstruir um personagem que entra lá, por exemplo, ou mesmo pelas limitações impostas ao detento pelo sistema legal. E esses casos nem de longe entram na agenda das estatísticas oficiais”, disse.

“Além disso, o estupro aparece bem menos atrelado à classe média, quando se sabe que, não raro, ele é um crime vinculado a distúrbios psicológicos por parte de quem o pratica”, avaliou.

Fórum de Segurança

Para a socióloga Samira Bueno, secretária-executiva da oscip Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Secretaria de Segurança Pública do Estado "precisa explicar" se o aumento nos casos de estupro são reflexo de alterações feitas em 2009 na lei federal que define o crime de estupro.

"É preciso ficar claro e o que é conjunção carnal e atentado violento ao pudor, agora abrangidos de forma mais ampla na redação da lei federal", disse.

Na avaliação da especialista, a segurança pública paulista teve avanços desde as crises de 2001, com rebeliões em série, nos presídios, e 2006, quando o PCC (Primeiro Comando da Capital) ordenou ataques na capital paulista. Mesmo assim, destacou, ainda há pontos nevrálgicos.

“Avançamos em alguns pontos, nos últimos anos, tais como controle de armas e tecnologia para as polícias. Mas ainda são frequentes notícias de corrupção policial, e temos duas polícias mal pagas e que não trabalham juntas, além de um sistema penitenciário sem capacidade para receber os presos, sem dizer os muitos presos provisórios detidos”, afirmou. “Temos que pensar no porquê dos aumentos, mas e o modelo que não está dando certo, como fica?”, indagou.

A oscip foi criada durante a crise de segurança de 2006 e tem seu conselho de administração formado metade por policiais e metade por sociedade civil. Entre as funções da entidade, estão o monitoramento das políticas de segurança pelo Brasil e a aproximação de segmentos interessados no assunto.

Outros crimes

Além dos casos de estupro, a capital paulista também registrou um avanço considerável no número de latrocínios (roubo seguido de morte) –15 em fevereiro deste ano, contra sete casos em 2012. Um aumento de 114%.

Outro crime contra a vida, assim como o latrocínio, os casos de homicídios dolosos (com intenção de matar) cresceram 15% no Estado e 14% na cidade de São Paulo.

Já crimes como roubos de cargas e roubos a bancos tiveram declínio em fevereiro deste ano em comparação com o mesmo mês de 2012: respectivamente, os registros decresceram 5% (365 e 348 casos) e 67% (seis e dez casos).

“As estatísticas podem não mostrar, mas tanto em São Paulo quanto em outros Estados, muitos crimes contra a vida registrados são cometidos por menores de idade. Essa banalização da vida, em suma, só cresce –e reflete falhas sistêmicas seja pelo judiciário, pelo sistema penitenciário e mesmo pela legislação”, definiu o sociólogo da UnB.

Fim de semana de arrastões em SP

No final de semana, São Paulo teve registrados dois arrastões dos Jardins, área nobre da cidade, em menos de 24 horas.

Na noite de domingo, segundo a Polícia Militar, 15 criminosos armados fizeram um arrastão em cinco apartamentos de um prédio na avenida Brigadeiro Luís Antônio. Pertences dos moradores foram levados. Nenhum suspeito foi preso.

Também na região dos Jardins, na noite de sábado (23), dez dos 12 apartamentos de um prédio na alameda Jaú foram invadidos por cerca de dez bandidos que levaram cartões, bolsas, documentos, joias, celulares, relógios, além de dinheiro dos moradores.

No último dia 1º, outro arrastão: desta vez, em um prédio na área central da capital paulista. Segundo a polícia, os suspeitos entraram pela manhã no edifício localizado na rua Conselheiro Furtado, no bairro da Liberdade. Cinco homens armados invadiram apartamentos e fizeram moradores de reféns. Eles roubaram celulares e dinheiro.