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ONG acusa CCZ de maltratar pit bull que matou dona em Itapira (SP)

O pit bull Lex, que matou a dona em Itapira (SP), foi recolhido do CCZ, onde estava em observação, pela ONG Santuário Pit Bull, de Embu-Guaçu (SP) - Arquivo pessoal
O pit bull Lex, que matou a dona em Itapira (SP), foi recolhido do CCZ, onde estava em observação, pela ONG Santuário Pit Bull, de Embu-Guaçu (SP) Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

18/04/2013 16h00

A ONG (organização não governamental) Santuário Pit Bull denunciou, através de redes sociais, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Itapira (164 km de São Paulo) de maltratar o pit bull Lex, que ficou dez dias em observação no local depois que matou da dona, a farmacêutica Bárbara de Oliveira, 35. O fato ocorreu em 5 de abril.

Segundo Paulo Melo, responsável pela ONG, exames realizados depois que o cachorro chegou à Embu Guaçu mostram que o animal tem marcas de queimaduras feitas por cigarro, além de estar com infestação de carrapatos e ter perdido, no período, mais de metade de seu peso, caindo de 30 quilos para 14 quilos de massa corporal.

“Pelas evidências que encontramos, o animal ficou dez dias sem ser alimentado ou cuidado. É um absurdo que um animal seja tratado dessa forma por uma instituição que deveria ter a responsabilidade de cuidar dele”, informou.

Em comunicado fivulgado pelo Facebook, a ONG foi ainda mais incisiva. “Ele (o cão) foi torturado, jogado no almoxarifado, ficou dez dias se água e alimentação, foi espancado, queimado com cigarro, pulgas [sic], inúmeros carrapatos, está acuado, com muito medo”, disse.

Paulo negou, no entanto, que vá procurar a Justiça para cobrar a apuração de responsabilidades do CCZ. “Meu papel é mostrar o que acontece. Pode ser que alguma instituição de Itapira exija saber o que aconteceu lá, mas minha parte já foi feita. Agora, é cuidar do Lex”, disse ele, afirmando que já há pelo menos 15 interessados em adotar o cão. “Mas, primeiro, vamos cuidar da recuperação dele”, disse.

A vítima

  • Reprodução/Arquivo pessoal

    Bárbara de Oliveira foi morta após ataque do pit bull Lex

Polêmica

O veterinário do Serviço de Controle de Zoonoses de Itapira, Rodrigo Bertini, afirma que o cão não sofreu maus-tratos e permaneceu sozinho durante dez dias com água e comida disponíveis. "Ele ficou isolado dos demais animais. Teve o problema que ele não comia, mas havia oferta”, disse.

Segundo Bertini, as marcas pelo corpo do animal podem ser de uma dermatite, decorrente da queda de imunidade do animal. Ele também disse que, por estar em observação, o animal não podia receber tratamento de remédios, o que contribuiu com a infecção por carrapatos e pulgas.

Em nota oficial, a prefeitura informou que as informações passadas pela Ong são inverídicas. “Todo o tratamento dado a ele foi filmado, até mesmo a chipagem do animal. Ele não sofreu agressões ou qualquer outro tipo de tortura. Era um animal que dormia com os donos, comia ração de alta qualidade e por isso não quis se alimentar no Serviço de Controle de Zoonoses, daí o porquê de ter emagrecido tanto e aparentar o aspecto doente, informou.

Ainda segundo a nota, a ONG está usando de sensacionalismo para conseguir doação de recursos. “O sensacionalismo da notícia que está sendo compartilhada no Facebook parece estar intrinsicamente ligada ao pedido de doações de dinheiro para o referido Santuário. A Secretaria de Negócios Jurídicos da Prefeitura foi acionada e vai estudar as medidas cabíveis contra aqueles que estão propagando essas inverdades”, disse.

Informado sobre a resposta, Paulo Melo disse que a Ong busca recursos para manter os atendimentos, mas negou que o atendimento a Lex dependa deles. “Precisamos de recursos, mas não fazemos sensacionalismo. Só não posso ficar quieto. As explicações deles sobre a ação do CCZ são chulas. Eles não fizeram o que deveria ser feito, não cuidaram do animal. A tragédia que aconteceu não dá o direito de maltratar o cachorro, disse.

Laudo

A Polícia Civil de Itapira informou ontem que o laudo preliminar da morte de Bárbara mostra que o cachorro mordeu todo o corpo da vítima, em especial do lado direito do pescoço, onde um pedaço da pele foi arrancado. A polícia trabalha com a hipótese de que esse ferimento tenha sido o mais relevante na causa da morte. Não há hipóteses, contudo, que ajudem a elucidar a provável causa do ataque. O laudo completo deverá ser divulgado em maio.