Cães portugueses são deportados do Brasil por falta de documentação

A falta de um certificado sanitário provocou na noite da quinta-feira (16) a “deportação” de dois cães de volta para Portugal. Depois de desembarcarem no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, Pérola e Black tiveram de regressar a Portugal na companhia do dono, o português Ruben Manuel Azeredo, para regularizar o Certificado Zoossanitário Internacional (CZI), expedido no país de origem e indispensável para o ingresso de animais no país.

O dono dos cães está se transferindo para Porto Alegre para acompanhar a mulher, a brasileira Letícia Bittencourt Fernandes. O casal morava havia três anos em Faro, Portugal, e está de mudança para a capital gaúcha, terra-natal de Letícia. A filha de 13 anos acompanhava o casal. Após passar pela alfândega, a família foi informada pela fiscalização de que os animais não possuíam o CZI – obrigatório – e que teriam de ser imediatamente mandados de volta para Portugal ou seriam sacrificados no Brasil.

O Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), vinculado ao Ministério da Agricultura, prevê que um animal doméstico que dê entrada no Brasil precisa de um requerimento para fiscalização de animais de companhia, do atestado de vacina antirrábica e do CZI, expedido no país de origem e visado no destino final.

Os protestos da família não foram suficientes, e os cães foram deportados em um voo que partiu às 20h43 de volta para Lisboa. “Foi uma das piores coisas que eu ouvi [a necessidade de sacrifício] na minha vida. Eles não são só cães, são da família. É como se eu tivesse que escolher pela vida de um filho”, disse a dona dos animais.

Segundo ela, a TAP deu uma lista incompleta de documentos necessários ao transporte dos cães. Letícia informou que havia começado a preparação para a viagem há três meses, com a colocação de chips de identificação. Depois os animais de estimação foram vacinados e fizeram a documentação pedida pela empresa aérea.

Erro em Portugal

A chefe da Unidade de Vigilância Agropecuária (Uvagro) do aeroporto de Porto Alegre, Consuelo Paixão Côrtes, diz que o erro ocorreu em Portugal, já que os animais não deveriam sequer ter embarcado em Lisboa se não possuíam o CZI. “Já é o segundo caso da TAP neste ano. Se falta um documento lá, não pode nem entrar no avião”, disse.

A assessoria de imprensa da TAP Portugal disse que o documento que impediu o desembarque dos cães no Brasil é exigido pelo Ministério da Agricultura do Brasil e que por isso não impediu a viagem dos animais.

A empresa infirmou que está prestando atendimento à família para o retorno e que arcará com as despesas de hospedagem, se necessário.  Ruben já chegou a Portugal. Nesta sexta-feira (17), deve realizar os exames necessários em Black e Pérola e voltar para Porto Alegre já no sábado (18).