Após dois casos de agressão, boate gay no Rio é interditada
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga dois casos de agressão em uma boate gay na zona oeste da capital. Em um dos casos, a vítima chegou a ser internada no Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu aos ferimentos. A Boate Queen, em Jacarepaguá, onde os dois casos ocorreram, foi interditada nesta terça-feira (28), de acordo com o delegado Antonio Ricardo Nunes, titular da 32ª DP (Taquara), que investiga o caso.
Nunes não descarta a hipótese de crime de homofobia, mas também apura se uma cantada mal sucedida pode ter sido o motivo das agressões. Segundo a assessoria da Polícia Civil, o suspeito seria um segurança da casa.
O caso começou a ser investigado na segunda-feira (27), quando a família do cabeleireiro Luiz Antonio Jesus, 49, denunciou o espancamento. Ele saiu para ir à boate no sábado (25) e não voltou, o que chamou a atenção das irmãs - ele mora no fundo do imóvel, em uma quitinete.
"Minha filha o levou à boate. Ele disse que voltaria de táxi. Estava feliz, disse que queria dançar”, disse Rosalina Brito, irmã da vítima. “Mas, domingo, na hora do almoço, fomos ver o que tinha acontecido porque ele não voltava. Fomos até a boate e nos disseram que ele tinha sofrido um 'acidente'."
Segundo ela, a proprietária da boate disse à família que Jesus havia caído no banheiro e que ele foi levado ao hospital Lourenço Jorge. No banheiro, segundo Rosalina, havia sangue na pia e na porta.
"Chegamos ao hospital e nem conseguimos identificá-lo. Ele estava totalmente desfigurado. Com cortes por todo o rosto, a cabeça inchada e também com roxos no pescoço”, disse a irmã do agredido. “Como alguém cai e fica assim? Ele foi espancado. Para que fazer isso?”
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, Jesus sofreu trauma encefálico.
Investigação
O delegado disse que não descarta a hipótese de crime de intolerância, mas não crê na força dessa suposição pois a boate é destinada ao público gay. Na noite anterior à da agressão a Jesus, outro caso de violência também ocorreu na boate. O suspeito foi identificado e pode ter participação nos dois crimes.
"Vou ouvir hoje a família do Luiz e amanhã devo ouvir o outro agredido e o suspeito", disse o delegado. Segundo Nunes, a casa foi interditada porque tem irregularidades administrativas relacionadas a autorizações dadas pela Polícia Civil, como a cautela de armas na entrada da boate.
A reportagem do UOL tentou entrar em contato com a boate, mas ninguém atendeu aos telefonemas. Pelo Facebook, a boate reafirma que houve um acidente no banheiro no sábado, e não agressão. A casa também afirma que, no outro caso, um cliente foi convidado a sair por estar importunando clientes. Ele registrou o caso na 32ª DP. A boate também esclarece que vai informar à polícia que tem um circuito interno de câmeras e também controle de entrada e saída de clientes.
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