Marcha da Maconha reúne ativistas, estudantes e até bebê em SP
Intervenções artísticas e palestras abriram a Marcha da Maconha, que reuniu neste sábado (8) manifestantes favoráveis à legalização da droga no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na região central da cidade.
Carregando um cigarro de maconha gigante, o grupo fechou três faixas da avenida Paulista e apenas uma ficou livre para deixar passar os ônibus. Aos gritos de “Ei polícia, maconha é uma delícia”, o protesto seguiu em direção à praça da República, onde está prevista uma extensa programação musical durante a noite.
A organização da marcha calcula que até 5.000 pessoas devem ter participado nos momentos de maior concentração, enquanto o major Élcio Góes, responsável pelos 150 homens da Polícia Militar que acompanharam a manifestação, disse que só faria uma estimativa de público ao final do protesto. Ao fechar ruas e avenidas importantes, como a rua Augusta e a rua da Consolação, a marcha consegue, na opinião de Marcos Magri, atingir um de seus objetivos: “causar impacto na sociedade”.
As discussões levantadas pelo protesto foram representadas por diversos blocos de organização autônoma, como o antimanicomial, o religioso, o medicinal, o psicodélico e o contra a internação compulsória. O panfleto distribuído pela organização do ato coloca entre os problemas causados pela ilegalidade da droga o encarceramento em massa, a violência do Estado e a corrupção.
O modelo segue a ideia de que a política de drogas no Brasil passa por diversos temas, explica uma das representantes do bloco feminista, Gabriela Moncau. “A gente acredita que o Estado faz uma ingerência indevida sobre o corpo dos cidadãos”, diz ao fazer um paralelo entre o direito ao uso de entorpecentes e o direito ao aborto, uma das bandeiras do feminismo. Gabriela destaca ainda que o tráfico é a maior causa da prisão de mulheres, que encarceradas, muitas vezes, enfrentam situações piores do que os homens. “Muitas estão em presídios que eram masculinos e não foram adaptados, tem mictórios no banheiro”, exemplifica.
A dona de casa Ellen Yamada levou o filho Caio, de apenas 2 meses, para participar da manifestação. “Estou aqui para demonstrar minha revolta pela ilegalidade da maconha e a legalidade de coisas que fazem muito mais mal e são vendidas normalmente, como o cigarro e a bebida”, disse, ao destacar que acha esse tipo de contradição uma hipocrisia da sociedade.
As estudantes de história Lívia Filoso e Rhana Nunes foram ao protesto principalmente para ver a palestra do professor Henrique Carneiro, que leciona para ambas e falou no início no evento. Apesar da motivação comum, as duas têm opiniões diferentes sobre o ideal da marcha, que neste ano teve o lema "A proibição mata: legalize a vida".
Rhana não acredita que a venda legal de drogas vá reduzir o tráfico. “Se as pessoas pudessem plantar, eu era a favor. Mas dá muito trabalho, elas vão continuar indo ao morro, porque vai ser mais barato”, disse ao comparar a venda de drogas com a de produtos falsificados.
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