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Grupo marca novo protesto contra tarifa de transporte para este sábado em Santos (SP)

Gisela Kodja

Do UOL, em Santos

15/06/2013 01h29

Após registrar dois protestos em dias consecutivos, quinta (14) e sexta-feira (15), Santos (litoral de São Paulo) terá mais uma manifestação contra o atual valor da tarifa de ônibus (R$ 2,90) na cidade, neste sábado (15). 

Um grupo de cerca de 400 pessoas prepara um ato, a partir das 17h, na plataforma do emissário submarino, com destino ao centro de São Vicente. 

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Parece a ditadura, diz mulher atingida pela PM

Além do novo protesto, marcado através das redes sociais, os estudantes acertaram também, em votação coletiva, que manifestações contra o cartão de transporte implantado pela prefeitura e pela garantia do passe livre para estudantes, professores e idosos serão diários.

A passagem no município não sofre reajuste desde fevereiro de 2012. Não houve ainda anúncio de uma possível nova tarifa. O tema está em análise pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) em conjunto com a Viação Piracicabana, concessionária do transporte público.

Em Santos, não existe bilhete único. A expectativa é que o sistema seja implantado em 2014, quando está previsto a o início da operação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Protestos sem incidentes graves

Ao contrário de outras cidades brasileiras, os protestos contra o aumento da tarifa de transporte em Santos têm sido marcados pela não ocorrência de confrontos ou incidentes graves.

Nesta sexta-feira (15), por volta das 18h, o grupo realizou um protesto pela cidade, em uma caminhada que contou com a participação de cerca de 400 pessoas. A Polícia Militar acompanhou o ato de longe. 

A caminhada teve início na Praça da Independência, no bairro do Gonzaga, e seguiu pela avenida da praia em direção à divisa entre os municípios de Santos e São Vicente. 

A orla --um dos corredores de maior movimento no horário-- teve o trânsito interrompido. O grupo caminhava lentamente, entoando palavras de ordem como “mãos para o alto, a tarifa é um assalto” e “quem não grita quer tarifa”. 

Com buzinaço, aplausos e até fogos de artifício, parte da população apoiou o protesto. “O que o governo vem fazendo em São Paulo é uma vergonha”, comentou Osnir Zanardo, gerente de terminal portuário que estava preso no trânsito.

A convocação para o ato foi feita exclusivamente pelas redes sociais, sem vínculo com organizações ou partidos políticos. 

“O fato de não ser partidário acaba legitimando ainda mais as reivindicações. Tudo aconteceu de uma maneira muita espontânea, isto é um avanço importante e é um momento único na nossa história”, comentou o artista plástico Paulo Consentino, que passou a acompanhar o grupo em caminhada.

Em cada cruzamento, os manifestantes se sentavam no asfalto e diante de carros e motos estendiam faixas, cartazes, a bandeira do Brasil e cantavam o Hino Nacional. Embora a intenção fosse impedir a passagem, alguns motoristas que alegaram urgência, como médicos e mensageiros, foram autorizados a furar o bloqueio. 

A polícia militar acompanhou o ato a distância. “Nós estamos aqui apenas para garantir o direito ao manifesto e evitar grandes prejuízos, ao trânsito e à cidade. Embora não haja um responsável pelo evento, todos os acordos estão sendo cumpridos”, explicou o capitão Alexandre Antonelli, que comandou a atuação da Polícia Militar no evento. 

Um início de tumulto aconteceu no meio do trajeto, quando surgiram duas bandeiras do PSTU. A caminhada foi paralisada, até que os militantes recolhessem o material, o que aconteceu sem grande resistência.

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