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Porta-voz da PM diz que houve "excesso" em spray de pimenta no rosto de manifestante no Rio

PM espirra spray de pimenta sobre manifestante durante protesto no Rio de Janeiro contra aumento das tarifas de ônibus - Victor R. Caivano/AP
PM espirra spray de pimenta sobre manifestante durante protesto no Rio de Janeiro contra aumento das tarifas de ônibus Imagem: Victor R. Caivano/AP

Do UOL, no Rio

19/06/2013 10h21Atualizada em 19/06/2013 14h33

O coronel Frederico Caldas, porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, afirmou nesta quarta-feira (19) que houve “excesso” na ação de policiais que lançaram spray de pimenta no  rosto de uma manifestante na noite de segunda (17), durante protesto que reuniu cerca de 100 mil pessoas no centro da capital fluminense.

“A gente percebe que há um excesso, principalmente por se tratar de uma mulher sozinha e dois policiais. Não justifica absolutamente dois policiais terem esse tipo de comportamento. Agora, a gente tem que analisar o contexto também”, afirmou Caldas, em entrevista ao “RJTV”. “Não estamos atuando em condições normais de um controle de distúrbio, mas sim em situações em que há um comportamento absolutamente agressivo por parte dos manifestantes.”

A fotografia do policial espirrando spray de pimenta no rosto de uma mulher, feita pelo fotógrafo Victor Caivano, da agência Associated Press, teve tanta repercussão que foi destaque na capa do jornal americano "The New York Times" desta quarta-feira.

Segundo relato de Caivano, a jovem estava sozinha em uma esquina, por volta das 23h20, quando os confrontos já haviam sido controlados, e dois policiais se aproximaram pedindo que ela fosse embora. Como ela questionou a ordem, recebeu o spray de pimenta no rosto. "O policial não pensou duas vezes", contou o fotógrafo. A jovem chegou, inclusive, a ser detida pelos PMs.

Na terça-feira (18), em entrevista coletiva, o coronel havia comentado também as imagens de policiais atirando para o alto com fuzis e revólveres durante o protesto. Segundo ele, apenas a perícia da Polícia Civil determinará se algum dos feridos por arma de fogo foi atingido por algum policial.

"As imagens que foram divulgadas hoje evidenciam que os policiais estavam atirando para o alto, portanto sem objetivo de atingir quem quer que seja", disse o coronel.  Pessoas que participavam ou assistiam à manifestação registraram e colocaram na internet vídeos onde se pode ver e ouvir policiais disparando com arma de fogo durante o protesto. A TV Bandeirantes também flagrou um policial à paisana dando tiros com pistola e fuzil.

Onze civis foram encaminhados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, na Praça da República. A Secretaria Municipal de Saúde informou que oito pessoas já foram liberadas e três permanecem internadas na unidade, com quadro estável.

Durante a tentativa de invasão, um coquetel molotov foi lançado em direção ao edifício, e atingiu a porta da Alerj. Policiais militares utilizaram balas de borracha, bombas de gás e spray de pimenta na tentativa de dispersar os manifestantes, mas acabaram entrando no prédio, onde passaram algumas horas como reféns. Por volta das 23h15, a Tropa de Choque retomou a Alerj e resgatou funcionários da Assembleia e cerca de 70 PMs, entre eles 20 feridos.

O presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PDMB), estimou que o prejuízo causado na sede do Legislativo fluminense  foi de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões. Segundo Melo, 30% dos vidros franceses da parte de trás do prédio e várias vidraças dentro do Palácio Tiradentes foram quebradas pelos manifestantes. O mobiliário no salão nobre da casa também foi danificado. Além do prédio da Alerj, também ocorreram atos de vandalismo no Paço Imperial e na Igreja de São José, que ficam no entorno. "O maior prejuízo foi imaterial. (...) Até na época da ditadura, quando se lutava pela democracia, as pessoas preservavam o patrimônio histórico", afirmou Melo.

O reforço policial demorou mais de duas horas para chegar ao local. "Eles entravam e saíam das lojas à vontade. Das 19h30 às 22h, não tinha policiamento. Eles tiveram tempo de agir, não estavam sendo reprimidos. Foi terrível de ver. A rua virou uma praça de saque", contou um comerciante, que preferiu não se identificar.

OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)

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